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Rollemberg cria “turno da fome” nos hospitais do DF

De acordo com as novas regras, servidores que trabalham por 12 horas ininterruptas terão direito a apenas uma refeição durante o período

atualizado

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Male hands over the table waiting for dinner.
1 de 1 Male hands over the table waiting for dinner. - Foto: iStock

Desde a última quinta-feira (7/6), a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) alterou o fornecimento da alimentação para os servidores plantonistas nos hospitais do DF. De acordo com as novas regras, os concursados que trabalham por 12 horas ininterruptas terão direito a apenas uma refeição durante o período.

A medida causou intensa revolta nos servidores, que se sentiram humilhados e desrespeitados pelos gestores. Entre esses profissionais, também estão policiais civis e militares, bombeiros, servidores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e voluntários. Somente os médicos-residentes terão direito a desjejum, almoço e jantar.

A ação atinge ainda os pacientes e seus acompanhantes, que antes tinham as refeições asseguradas. Agora, têm direito à alimentação apenas os acompanhantes que permanecerem por 24 horas ininterruptas no hospital.

A SES alegou que os servidores já recebem auxílio-alimentação. No entanto, de forma maliciosa, não informou o valor do benefício. Os servidores da Secretaria de Saúde recebem R$ 394,50 (trezentos e noventa e quatro reais e cinquenta centavos) por mês.

Fazendo uma comparação superficial com o mesmo benefício pago em outros órgãos, infere-se a prioridade que Rollemberg dá aos servidores do Governo do Distrito Federal (GDF):

TCDF – R$ 1.310,97
CLDF – R$ 1.269,84
SENADO/CÂMARA DOS DEPUTADOS – R$ 982,28
JUDICIÁRIO – R$ 884,00
GDF – R$ 394,50

É má-fé alegar que o fato de receberem esse auxílio é suficiente para se alimentarem. Se o secretário de Saúde pensasse e agisse como médico, saberia que os plantonistas não podem se ausentar dos locais de trabalho durante plantões. Não raro, os profissionais são acionados nos próprios refeitórios das unidades de saúde, em casos mais urgentes.

Para nós, do SindSaúde, esta é a gestão do retrocesso, da perseguição e da incompetência. Dinheiro público mal utilizado, recursos sendo devolvidos por incapacidade de aplicá-los, autoridades tentando justificar o injustificável e golpeando a sociedade em suas necessidades mais básicas.

A decisão de sonegar o alimento para servidores e acompanhantes, supostamente sob a égide de economizar, é uma afronta à dignidade humana, à política de humanização e à assistência dos pacientes. A Saúde está na contramão da humanização.

Revolta e protestos

No dia em que a mudança começou a valer, diretores do SindSaúde verificaram, in loco, o descontentamento dos plantonistas e o descaso da administração pública. A revolta foi geral. Confira, nos vídeos abaixo, os flagrantes obtidos pela equipe do sindicato no Hospital de Santa Maria e no Hospital Regional de Ceilândia.

Os servidores e acompanhantes de pacientes foram surpreendidos com a suspensão da refeição. Um simples e frio comunicado afixado na porta dos refeitórios, no caso dos trabalhadores. E a decepção constrangedora da negativa do alimento aos acompanhantes. Alguns saem direto dos seus trabalhos, para ficar a noite toda. Por permanecerem “apenas” no pernoite, devem ficar com fome.

Humilhação e desserviço para o tratamento dos pacientes internados. Presenciamos, nesses últimos dias, os enfermos dividindo sua parca refeição com quem lhes cuida. Esse é o legado de Rollemberg para a Saúde.

“Essa é uma medida irresponsável e perigosa”, afirmou a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues. “Rollemberg vem se aprimorando em atitudes nocivas à sociedade. Fazer acepção de pessoas, determinando quem come ou não, jogando com a capacidade individual dos plantonistas em suportar um ambiente de trabalho extremamente estressante, do qual é sabido o nível de esgotamento físico e mental, é colocar em risco a assistência a quem precisa”.

A direção do sindicato protocolou representação na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) e se reuniu com líderes da casa na tarde dessa segunda-feira (11/6), a fim de articular apoio para pressionar o governo a rever a “portaria da fome”.

Na ocasião, os parlamentares presentes foram solidários, de forma unânime, e comprometeram-se a acionar a SES-DF para pedir explicações e exigir a revisão da medida.

A Sanoli, empresa à qual o GDF deve milhões e que interrompeu o fornecimento de alimentação aos hospitais públicos no último dia 28 de maio, está entre as vencedoras da última licitação. Há mais de 10 anos, a instituição vem prestando serviços à SES por meio de contratos emergenciais.

A licitação foi alvo da Justiça por suspeita de sobrepreço. Depois de uma série de imbróglios judiciais, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) liberou a assinatura de contrato com o valor de R$ 300 milhões. Sete lotes são da Sanoli, no valor de R$ 234,8 milhões. Outros dois são da Cook Empreendimentos, com contratação de R$ 53,031 milhões. A Vogue Alimentação e Nutrição tem contrato orçado em R$ 12,2 milhões.

Aos amigos do “rei”, tudo… Aos “inimigos”, a fome…

A relação do governo Rollemberg com os servidores do GDF ficou tencionada quando, depois de eleito, apesar das promessas em sentido contrário e do grande apoio que recebeu do funcionalismo público local, ele decidiu dar as costas para tais trabalhadores.

Os servidores deram-se conta do estelionato eleitoral e do calote com a impossibilidade de qualquer diálogo ou construção de alternativas para driblar uma crise financeira fabricada pela atual gestão, somente para descumprir leis e enganar a população.

A sociedade, aos poucos, também foi percebendo que a “atitude para mudar”, prometida como bordão de campanha, nada mais era que peça publicitária.

Não há verdades neste governo. Nem respeito ao coletivo e nem transparência.

Enquanto a fome é instaurada nos plantões da Saúde, nas merendas escolares, o “rei” esconde a sua despensa e omite os mantimentos comprados para alimentar o seu séquito.

Buscamos informações junto à Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) acerca da licitação e dos itens comprados pelo governo para abastecer a governadoria e as residências oficiais, mas não obtivemos resposta.

Com certeza, o trem da alegria formado por cabos eleitorais está bem sustentado. A claque que acompanha o governador nos eventos e age atacando servidores e opositores nas redes sociais e internet não perece de inanição. Ao contrário, é bem paga para seguir a cartilha fascista de um governo que deixará Brasília como terra arrasada.

Outubro está chegando… Vamos dar um basta na incompetência.

#ForaRollemberg

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