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Seguimos em busca de respostas, mas nem sempre estamos prontos

Somos obcecados por interrogações e não resistimos a elas, mas nem sempre queremos enfrentar os desígnios das soluções apresentadas

atualizado

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Portrait of tired beautiful woman
1 de 1 Portrait of tired beautiful woman - Foto: iStock

“A mente é a fonte de toda experiência e, ao mudar a direção, podemos alterar a qualidade de todas as nossas experiências”.

Aprendi a simpatizar com esta frase, do monge tibetano Yongey Mingyur Rinpoche. A cada dia, ela me ensina como a interpretação que damos aos fatos é responsável pela forma como absorvemos o mundo.

A questão é que essa compreensão não é necessariamente uma escolha, como muitas vezes nos forçamos a entender.

Quando se trata da psique, mais somos escolhidos do que escolhemos – este é o motivo que orienta nosso sofrimento. Em seu ofício de monge budista, ele nos alerta aos riscos da ilusão.

A fragilidade despertada pelos problemas se relaciona sempre à falta de respostas. Queremos encontrar motivos, buscamos justificativas para aquilo que não conseguimos enfrentar.

Somos obcecados por interrogações, não resistimos a elas. Obviamente, questionar é o caminho para a solução, na medida em que se amplia a consciência do que somos, fazemos e desejamos. Mas nem sempre queremos enfrentar os desígnios das respostas. Estaríamos realmente prontos para o que se busca?

Quase sempre, o mundo torna-se um instrumento, um meio pelo qual a resposta se manifesta. E quando estamos prontos para entender, ela se apresenta pelos mais diferentes métodos: da instrução com um sábio a um comercial de televisão.

 

Ver isso acontecer é, para mim, uma evidência da sabedoria intrínseca que nos guia, em nome da realização da alma. É ela que nos ensina a entender a finalidade de cada movimento, a ler as intenções de cada acontecimento.

Compreendemos que o “por que” é dispensável quando estamos atentos ao “para que”.

A consciência só se ilumina quando estamos atentos e, principalmente, dispostos a mudar. É entender que a resposta pode não ser exatamente a que buscamos – mas a que precisamos receber. Talvez por isso os monges budistas sejam tão associados à sabedoria: eles são treinados a contemplar a transitoriedade das coisas, em si e fora de si.

Com humildade e coragem, afastamos a cegueira diante da fantasia e alcançamos o entendimento da realidade. Assim dizem os evangelhos de Lucas e Mateus: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á”.

Não existe um método mais eficiente, nem a melhor hora para esse despertar. Os únicos pressupostos são a vontade e o desprendimento em aprender.

A resposta sempre está pronta para nós. Nós, porém, nem sempre estamos prontos para ela.

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