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Como eu vou querer ser lembrado depois de partir?

As memórias evocadas em torno daquilo que fomos repercutirão o quão inteiro fomos em nossos propósitos e nossas intenções

atualizado

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Single woman alone swinging on the beach
1 de 1 Single woman alone swinging on the beach - Foto: Istock

Quando nascemos, choramos enquanto os outros sorriem; quando morremos, somos os únicos a sorrir, enquanto todos choram. Esse provérbio chinês traz ensinamentos profundos. O primeiro deles: tudo é uma questão de perspectiva.

Quando recebi esse ensinamento, todos choravam. Mas, apesar das lágrimas, o sentimento presente não era propriamente de tristeza, mas de dó, como quando comemos a última colherada da sobremesa favorita. Ainda assim, sabemos que ela foi suficiente.

Tal medida de suficiência não se mede pelo volume de lamúrias, das assinaturas nos livros de presença, das lágrimas derramadas. É a qualidade de quem ali está, do que é emanado ali. A serenidade com a qual os fatos, embora dolorosos, são encarados. A vontade de recomeçar, apesar da falta sentida.

Pessoas cheias de alegria e concórdia, quando se vão, deixam todo mundo meio órfão. Com uma sensação de que deveríamos ter aproveitado mais, sorvido suavemente cada momento.

A consciência da morte, trazida por esses momentos, é o contraste necessário para evocar a importância da vida. Essa se dá, sumariamente, a partir das relações cultivadas, da forma como dedicamos nosso tempo e nossa energia para estar com o outro.

Nisso, caráter e carisma são determinantes. Ou seja, a forma como nos portamos diante das questões propostas pela vida e a capacidade que exercemos de atrair o bem querer do outro.

Não são dons, exatamente. É, na verdade, resultado do comprometimento com nossa realidade e com o diálogo travado com a de nossos semelhantes. Seremos amados quando, a nosso jeito, conseguirmos semear o amor.

A integridade com a qual conseguimos cumprir a vida consolidará nosso legado. As memórias evocadas em torno daquilo que representamos repercutirão o quão inteiro fomos em nossos propósitos e em nossas intenções.

Assim, as lágrimas da despedida logo se transformarão em uma saudade terna, repleta de lembranças e ensinamentos daqueles que partem. E, assim, voltamos a comungar do sorriso mais sincero, aquele que brota da alma.

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