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Tristeza pós-sexo: por que sentimos mesmo tendo curtido a transa?

Estudos recentes mostram que 40% da população mundial tiveram a experiência alguma vez na vida e até 4% vivenciam com frequência

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1 de 1 mulher-triste-e-com-raiva-de-seu-namorado-na-cama_1150-5078 - Foto: Freepik/Reprodução

A essência do sexo é proporcionar uma atividade prazerosa, mas fatores externos e pessoais podem fazer com que, depois do tesão, venha um sentimento de melancolia. Conhecida como disforia pós-coito no meio médico, a tristeza após o sexo é comum e afeta pessoas ao redor do mundo. Esse sentimento pode ir desde um leve desânimo até uma crise de choro. Mas por que isso acontece?

De acordo com Luís Otávio Manes, ginecologista do Instituto Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia (IBGO), este fenômeno é mais comum do que se pensa. “Estudos recentes mostram que 40% da população mundial já tiveram esta experiência alguma vez durante a vida sexual e até 4% vivenciam essa sensação com frequência”, revela.

Segundo o médico, existem duas teorias que podem explicar essa tristeza pós-sexo. A primeira e mais popular é que durante o ato sexual uma grande quantidade de hormônios é liberada, levando à intensa sensação de prazer. “Após o término da relação sexual, a liberação dos hormônios diminui bruscamente, trazendo sensações nem sempre agradáveis, como tristeza, irritação, angústia, vergonha e ansiedade”, explica Luís.

A segunda possível justificativa está ligada a uma disfunção na parte do cérebro que controla as emoções. “Situações como traumas emocionais, educação muito opressiva, vergonha do próprio corpo ou insegurança emocional também podem levar ao aparecimento dessas sensações”, pontua.

O ginecologista ainda ressalta que ambos os sexos são acometidos igualmente por esses sentimentos. A duração do período de tristeza varia de acordo com cada indivíduo, como aponta Luís. “Geralmente dura alguns minutos, mas pode persistir até algumas horas”.

Para a educadora sexual Karol Rabelo, a cultura é um fator forte para o aparecimento dessa tristeza pós-sexo. “Existe toda uma pressão em volta do ato sexual relacionada a ideia de que é pecado ou  que se trata de uma atividade exclusiva para procriação. Isso pode pesar muito. Na hora do tesão é prazeroso, mas depois vem a culpa. Isso acomete várias pessoas, porque nossa cultura é muito podadora”, destaca.

Realizar fantasias sexuais fora do que é considerado o padrão também pode desencadear esse sentimento. “Se for uma coisa frequente, a pessoa precisa procurar um terapeuta para entender o bloqueio”, recomenda. “Vale ainda se recolher ou se comunicar com o(a) parceiro(a), buscando empatia, em vez de supor que a outra pessoa não tenha gostado da transa”, completa.

O psicólogo Marcelo Tozato aponta ainda que essa tristeza está relacionada às expectativas sociais que se tem das pessoas. “Durante o sexo, elas relaxam e aproveitam, mas depois voltam à dura realidade e ao papel que precisam cumprir. Tem gente que consegue lidar bem com isso, outros não”, explica.

O especialista também observa que o prazer momentâneo do sexo muitas vezes não supera as dificuldades do dia a dia, fazendo com que a relação sexual satisfaça apenas a parte biológica, e não a emocional. “Pessoas que, por exemplo, se entregam em uma relação abrindo mão de posicionamentos em função do outro acabam sendo mais atingidas”, interpreta.

Marcelo defende que é preciso ter maturidade para se relacionar, permitindo-se a liberdade de ter amor, mas mantendo um equilíbrio com diversos aspectos da vida. “Acredito que a conscientização do que você está vivendo seja a melhor forma de entender e ressignificar esses sentimentos”.

Por fim, o ginecologista Luís Otávio complementa que identificar fatores desencadeantes que possam estar servindo como gatilho para esses sentimentos também é importante.

“A relação sexual e os sentimentos que a cercam dependem muito mais do que apenas da parte biológica. A capacidade de unir fatores sociais, químicos e emocionais e formar uma opinião a partir dessa união é o que nos faz diferentes das demais espécies. Então não podemos excluir os outros fatores e que são tão importantes quanto”, defende.

 

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