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Método de introdução alimentar BLW dá mais autonomia para o bebê

Nesse modelo, a criança escolhe o que deseja experimentar e leva a comida à boca com as próprias mãos

atualizado

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Uma das coisas mais legais de ter tido um segundo bebê é a possibilidade de conduzir os processos de um jeito diferente do que da primeira vez – em alguns casos, de um jeito que traga melhores resultados.

Não que meu filho caçula seja a “arte-final” de um rascunho que eu comecei com o mais velho, mas não tem jeito: ser mãe (e pai) de segunda viagem deixa a gente mais seguro e disposto a testar novos métodos.

Foi mais ou menos nessa onda que decidimos fazer algumas das primeiras refeições do Solano com a técnica do BLW, sigla para Baby Led Weaning. Esse é um método surgido na Inglaterra que tem como princípio a apresentação de alimentos sólidos para o bebê desde o início da introdução alimentar. Se, com a papinha a comida é amassada e a colher é levada à boca pelos pais, com o BLW, é a criança quem escolhe o que vai experimentar.

“O BLW é legal porque dá autonomia desde o início. O bebê vai pegar o pedaço no tamanho que quiser, vai mastigar pelo tempo que quiser e engolir”, explica a nutricionista Marina Morais Santos, que dá cursos sobre formas de conduzir a introdução alimentar. Entre as principais vantagens do método, ressalta Marina, está a possibilidade de deixar a criança fazer as refeições junto da família, o que ajuda a construir hábitos alimentares mais saudáveis.

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Esse talvez tenha sido o principal fator que nos levou a testar o BLW. Miguel, meu filho mais velho, tem uma resistência tremenda em provar comidas. Ele ingere verduras e legumes, mas tem que estar misturado com arroz e feijão, muito feijão (que ele adora).

É claro que pode ser algo da personalidade dele ou mesmo uma fase, mas tenho a sensação de que, ao apostar unicamente na papinha (e, muitas vezes, do jeito errado, misturando tudo, sem deixar que ele sentisse o gosto das coisas separadamente), acabei limitando o paladar dele.

Papinha tem seu valor

Isso não quer dizer que a comida amassada seja ruim, pelo contrário. Marina esclarece que o método da papinha também é bom e, em alguns casos, o mais indicado para o bebê. Nenéns que nasceram prematuros, por exemplo, têm o desenvolvimento um pouco mais lento e, portanto, tendem a dar uma resposta melhor à papinha.

Se a criança consegue sentar sozinha ou com pouco apoio, se tem claro interesse pela comida dos pais, se coloca objetos na boca e os suga, ela é uma candidata ao BLW

Marina Morais Santos

É preciso saber, contudo, se a família está preparada para o BLW. É engraçadinho ver a criança comendo sozinha, mas as refeições são muito mais lentas e resultam em uma sujeira imensa. Não é todo mundo que tem tempo para esperar que o bebê se sirva e tampouco para limpar a bagunça depois.

Por aqui, por conta dessas coisas, fazemos um processo misto: às vezes, é BLW, às vezes, colher na boca mesmo. E os resultados têm sido ótimos! Dá gosto de ver Solano todo animado para comer brócolis, pegando com as mãozinhas e praticamente devorando os raminhos que oferecemos. Batata assada e quiabo também são sucesso.

E não é perigoso?

Não se feito da maneira correta, com alimentos que a criança consiga pegar, cortar, mastigar e engolir em cada fase. Ainda assim, durante a aprendizagem do BLW, o bebê vai apresentar falsos engasgos muitas vezes. Falsos porque, na verdade, não são engasgos, mas os chamados reflexos de GAG, como explica Marina.

“Se algum pedaço de comida chega próximo à úvula, o bebê fica incomodado, faz aquela ânsia, às vezes tosse um pouco, fazendo com que o alimento volte à boca para ser mastigado novamente.”

O reflexo de GAG também acontece com a papinha, só que muito menos, uma vez que os alimentos já chegam amassados. “É preciso ter calma e não se desesperar com o GAG, até porque o bebê pode se desesperar também”, completa Marina.

Por isso é tão importante oferecer alimentos adequados em cada etapa – seja pelo método tradicional ou no BLW. Dar uma maçã, que é muito dura, por exemplo, para um neném muito pequeno pode deixa-lo irritado, ainda mais se ele estiver com fome. Feijões, ervilhas e uvas também podem deixar essa sensação, pois o bebê só consegue pegá-los por volta dos nove meses, quando desenvolve o movimento de pinça com os dedos.

A recomendação de Marina é que os pais e mães procurem se informar sobre as técnicas de introdução alimentar e escolham a que mais se adeque à sua realidade. Também é importante garantir que o bebê tenha experiências sensoriais – de sabor e textura, não importa qual o método escolhido. “É legal conhecer as diferentes possibilidades, até porque, na hora do vamos ver, a gente pode mudar de opinião”, diz a nutricionista.

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