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Por que o brasileiro gosta tanto de ouvir música ao vivo?

Segundo levantamento do DataFolha, entre 51 países analisados, o Brasil é o que mais ouve música ao vivo

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Igo Estrela/Metrópoles
Marília Mendonça
1 de 1 Marília Mendonça - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O Metrópoles publicou, nessa sexta-feira (10/7), uma reportagem sobre as músicas mais baixadas na plataforma Spotify no primeiro semestre de 2020 e mostrou que, não coincidentemente, as três primeiras posições são registros de shows. Nesta ordem: A Gente Fez Amor (Gusttavo Lima), Liberdade Provisória (Henrique e Juliano) e Graveto (Marília Mendonça). As três canções gravadas ao vivo.

Quer mais provas de que o brasileiro ama ouvir música gravada em cima de um palco? O próprio Spotify reforça essa percepção. Segundo levantamento do DataFolha, entre 51 países analisados, o Brasil é o que mais ouve música ao vivo.

Existe inclusive um aplicativo, muitíssimo popular no Nordeste, chamado Sua Música, especializado em reproduzir shows na íntegra dos mais diversos artistas brasileiros. Reza a lenda, no mercado fonográfico, que Wesley Safadão, quando foi assinar com a Som Livre um contrato milionário, exigiu uma cláusula em que liberava a execução de seus espetáculos na tal plataforma. Ele sabe a importância de ter os shows baixados ali.

Mas qual a explicação para o brasileiro gostar tanto de música ao vivo? Até hoje não foi feito nenhum estudo ou pesquisa que respondesse tal pergunta. Mas a Coluna Leo Dias ouviu alguns especialistas do mercado e chegamos a uma conclusão, um tanto quanto, instintiva. Vamos a nossa teoria.

A música ao vivo é bem mais sentimental do que a gravada em estúdio. Música de estúdio é fria, não passa tanta verdade, não tem emoção. A do palco é gravada no calor da emoção, onde o cantor está cara a cara com seu público. É a tal “hora H” da relação entre artista e fã. Quer algo mais sentimental e verdadeiro? Não tem! E bar com música ao vivo? Como brasileiro adora…

A música ao vivo remete a algo exclusivo, parece que o artista está cantando diretamente para quem está ouvindo. A energia é muito mais evidente. No exterior, os artistas musicais são excelentes em suas performances, na dança, mas muitos “cantam” só com o auxílio do playback. Aqui, não. Cantor bom, no Brasil, é quem tem gogó, não precisa se requebrar. É na voz mesmo.

A prova maior do quão sentimental é o brasileiro pode ser expresso na própria Língua Portuguesa. Só aqui que “saudade” é um sentimento, um substantivo, quase algo palpável. E, obviamente, o fado, a música que mais representa Portugal, tem muito a ver com isso. Em todas as outras línguas, “saudade” é traduzida por um verbo, são ações e não um estado de espírito. To miss (inglês), extrañar (espanhol), mancare (italiano) e manquer (francês) são apenas alguns exemplos de verbos que tentam se aproximar da nossa “saudade”. Tudo isso significa “sentir falta”, mas a saudade vai muito além do sentir falta. Concordam?

A nossa origem e nosso passado mostram porque somos tão passionais e sentimentais. E a música ao vivo aproxima, se torna mais real, mais crível, fala direto ao coração… Resumindo: a música ao vivo é mais brasileira.

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