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Mesmo sem “AI-6”, há quem diga que vivemos sob “governo militar”

Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro mandou proposta ao Congresso para aumentar em 100% valor das diárias pagas à tropa

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Militares-na-Esplanada
1 de 1 Militares-na-Esplanada - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

É possível que alguém ouça dizer por aí que acaba de aparecer mais uma prova indiscutível de que este país está vivendo sob um “governo militar”. A prova: o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mandou um projeto de lei para o Congresso pedindo (isso mesmo, pedindo, porque não baixou decreto nenhum, nem fez o AI-6) um aumento de 100% no valor atual das diárias que são pagas à tropa como complemento do soldo.

Tudo isso? Sim, tudo isso. E quanto é tudo isso? É passar a diária do soldado de R$ 25 para R$ 50. Se é realmente um escândalo, a solução para o caso é facílima: basta os deputados não aprovarem o projeto. Fim da história.

Não se sabe o que os parlamentares vão fazer. Talvez eles achem que uma diária de R$ 25 para o soldado é um absurdo e que seria intolerável dobrar esse privilégio para R$ 50. Basta que olhem para a folha de pagamento dos funcionários da própria Câmara, onde o salário médio — não o mais alto, o médio — é de R$ 24 mil por mês no momento (o mais alto passa dos R$ 30 mil).

Como aumentar o soldo do praça, quando os funcionários da Câmara ganham essa miséria? Pior: eles ganham muito menos que no Poder Judiciário, onde se paga — com o seu dinheiro, é claro — os maiores “vencimentos” do sistema solar.

Os ganhos dos magistrados, simplesmente, não têm limite algum. São eles mesmos que assinam as sentenças dizendo que vão ganhar R$ 200 mil neste mês ou R$ 400 mil naquele, ou a importância que for.

Realmente, não é possível, diante dessas injustiças insuportáveis, baixar a cabeça para o “governo militar”.

* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.

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