Há países que entram em crise brava quando as coisas começam a dar seriamente errado. Com o Chile acontece o contrário. Está em crise porque as coisas estão dando certo demais. O Chile é hoje o país mais desenvolvido da América Latina.
Ainda em 1990, era 30% mais pobre que a média das nações latino-americanas. Hoje é 60% mais rico. De todas elas, é a que mais reduziu a pobreza: os chilenos que viviam abaixo da linha da pobreza passaram de 40% da população para 10%.
Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Chile é o país com os mais altos índices de mobilidade social da América Latina – ou seja, em nenhum outro os cidadãos que têm menos avançam mais depressa.
Tudo isso foi o resultado de uma sucessão de governos que há quase 50 anos, com intervalos aqui e ali, vêm praticando as políticas econômicas mais agressivamente liberais de todo o continente latino-americano. É aí, justamente, que está o problema. A esquerda, que nos deu a Venezuela, Nicarágua e outras belezas, não pode admitir que o capitalismo e a liberdade econômica do Chile levam ao sucesso.
Por isso declararam guerra à democracia chilena – e promovem nas ruas, com extremos de violência, mortes e destruição, manifestações exigindo uma “constituinte” que os leve de novo ao poder.
Os chilenos mais pobres estão descontentes? Claro que estão. Em que lugar do mundo eles estão contentes? Mas a esquerda não pode dar aos governos liberais a chance de buscar mais progressos, e obter justiça social através da diminuição do número de pobres e do aumento de seu patrimônio. Antes que isso aconteça, jogam tudo na sabotagem.
* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.