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Vacina chega ao DF, mas terceirizados não são orientados sobre reações adversas

Segundo Secretaria de Saúde, um curso tem sido realizado para instruir servidores sobre os efeitos colaterais causados pela CoronaVac

atualizado

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Gustavo Moreno/Especial para o Metrópoles
Vacinação da Covid no Hran
1 de 1 Vacinação da Covid no Hran - Foto: Gustavo Moreno/Especial para o Metrópoles

Direcionada, principalmente, para quem atua na linha de frente contra a Covid-19, a primeira fase da vacinação no Distrito Federal tem deixado de orientar as categorias menos instruídas – mas classificadas como prioritárias – sobre possíveis efeitos adversos causados pela CoronaVac. Terceirizados contemplados com o imunizante confirmaram ao Metrópoles não terem recebido esclarecimentos de servidores da Secretaria de Saúde sobre os possíveis efeitos colaterais antes de receberem a fórmula chinesa.

Médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem têm facilidade para acessar as informações sobre o produto, contudo, outras profissões classificadas também como prioritárias na atual etapa da campanha, como vigilantes, copeiros e profissionais de limpeza, por exemplo, disseram desconhecer instruções sobre eventuais consequências previstas durante a aplicação da fórmula desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan.

“Não me falaram nada sobre essas reações. Perguntaram-me se eu tinha alergia a algum medicamento e só. Fui na fila e recebi porque fiquei muito animado para receber a dose logo. Trabalho diretamente com pessoas contaminadas e foi um alívio receber a vacina”, afirmou um vigilante, sob a condição de anonimato.

“Eu estou acostumada a tomar vacina contra a gripe e imaginei que essa fosse parecida. Como nunca tive nenhuma reação, também não fui atrás para saber. Mas, realmente, ninguém me avisou nada sobre como proceder se aparecesse algo após a aplicação”, confirmou outra terceirizada, escalada para a limpeza de uma das unidades de referência da Covid-19 no Distrito Federal.

Nenhum dos sintomas relatados durante a fase de testes do imunizante chinês foi considerado importante, capaz de comprometer a eficácia do protocolo. De acordo com a Sinovac, laboratório chinês responsável pelo produto, a fórmula causou efeitos colaterais leves em 5,36% dos 50 mil voluntários da China que receberam a imunização. Dor no local da aplicação (3,08%), fadiga (1,53%) e febre leve (0,21%) foram os sintomas mais comuns observados. Também foram relatadas perda de apetite e dor de cabeça.

No Brasil, entre os que afirmaram ter sentido alguma coisa, a queixa mais comum foi de dor no local da aplicação. A imunização usa o vírus inativado e é administrada em duas ocasiões, com intervalo de 14 dias.

De acordo com a farmacêutica, a contraindicação é para aqueles pacientes com alergia aos componentes da vacina ou quem apresente febre, doença aguda e início agudo de doenças crônicas. Grávidas também precisam de avaliação clínica antes de tomar o imunizante.

O que diz a Secretaria de Saúde

Procurada, a Secretaria de Saúde informou que conta com uma equipe técnica de monitoramento de eventos adversos de todos os imunizantes. “Para a vacina específica da Covid-19, está acontecendo o treinamento técnico de todas as regiões de Saúde, e todas as especificações da vacina CoronaVac estão sendo repassadas, inclusive dos eventos adversos possíveis, mesmo que sejam eventos leves”, informou na nota encaminhada ao Metrópoles.

De acordo com o texto, “todos que estão sendo vacinados recebem a orientação de reportar qualquer sintoma que venha a sentir, como febre, mal-estar, dor de cabeça, dor, vermelhidão ou inchaço no local, ou qualquer outro sintoma que possa ter após a vacinação”, garantiu.

O órgão reforçou que os treinamentos começaram na última segunda-feira (18/1) e que devem durar até a próxima semana. “Neste primeiro momento, com a vacina em grupos bem específicos, o contato direto para evento adverso é no próprio local de vacinação, para os profissionais de saúde, e, nos abrigos e para os indígenas, o contato é diretamente com as equipes da unidade básica mais próxima ao local”, sublinhou.

“Baseando-se em todas essas informações técnicas, a equipe técnica de monitoramento de eventos adversos está preparando uma nota técnica específica só para os eventos da CoronaVac, vacina que está sendo aplicada neste momento”, finalizou.

 

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Doses

A Coronavac tem sido aplicada, neste momento inicial, em profissionais de saúde que trabalham na linha de frente do combate ao novo coronavírus, indígenas, pessoas a partir de 60 anos que vivem em unidades de acolhimento e seus cuidadores.

No total, o Distrito Federal recebeu 106.160 doses. A estimativa do governo local é vacinar 53.080 pessoas, que receberão duas aplicações em um intervalo de 14 a 28 dias. A Secretaria de Saúde do DF frisou que a população não deve procurar as unidades para imunização, pois apenas o público-alvo receberá a vacina agora.

A campanha de vacinação contra a Covid-19 começou no Distrito Federal pelo Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A primeira imunizada foi a enfermeira Lídia Rodrigues que atua na unidade. Desde o início da tarde de terça-feira (19), 15 hospitais públicos do DF passaram a vacinar os primeiros profissionais de saúde que atuam na linha de frente, juntamente com os vigilantes e auxiliares de limpeza.

No total, são 15 pontos de vacinação para imunizar profissionais de saúde, das redes pública e privada, que integram as listas elaboradas pelas unidades onde trabalham. A escolha do local de vacinação é facultativa a esses profissionais. Os demais membros do grupo da primeira fase receberão as doses nas instituições sociais e nas aldeias indígenas.

Segundo o GDF, a vacinação para os demais integrantes dos públicos-alvo previstos no Plano Operacional de Vacinação Contra a Covid-19 no DF começará assim que a Secretaria de Saúde receber mais doses da vacina.

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