Uma nada santa semana de feriadão
Conheça os bastidores, e personagens, do que foi notícia nesta semana de Corpus Christi em Brasília
atualizado
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Tecnologia, campanha
ou campanha tecnológica?
Além de nerds e curiosos, a edição brasiliense da Campus Party atraiu, no feriado desta quinta (15/6), boa quantidade de políticos. Ex-secretário de Inclusão Social do Ministério de Ciência e Tecnologia na primeira gestão Lula, o agora governador Rodrigo Rollemberg (PSB), ficou pelo menos três horas no local. Pilotou drones (foto de destaque), acenou e tirou fotos com visitantes. Colado ao chefe do Executivo, ficou o secretário-adjunto do Trabalho, Thiago Jarjour. Outro político que aproveitou a feira foi o distrital Professor Israel (PV). Ele chegou cedo ao evento e acompanhou atentamente as palestras, assim como o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle, (PDT). Já o também distrital Chico Leite (Rede) esperou passar o rush do almoço para se dirigir ao Centro de Convenções, por volta das 14h: acompanhou um workshop sobre transparência e dados abertos, sua área de atuação.
Em defesa do Base
Servidores do Hospital de Base do DF (HBDF) prometem fazer bastante barulho na próxima terça-feira (20/6), quando está prevista a votação do projeto que transforma a maior unidade da rede pública da saúde brasiliense em instituto. Os funcionários vão cruzar os braços e, às 14h, seguem para a Câmara Legislativa para lotar as galerias da Casa e dizer “não” à proposta do Palácio do Buriti.
Perdeu, Jesus
Dizem que, quando o pecado é muito, a tendência do pecador é fugir de Deus. Na missa de Corpus Christi, celebrada nesta quinta na Esplanada dos Ministérios, apenas o governador Rollemberg, o deputado federal Izalci Lucas (PSDB) e o suplente de distrital e administrador do Núcleo Bandeirante/Candangolândia, Roosevelt Vilela (PSB), compareceram. Um quórum bem baixo para um ano pré-eleitoral. Quem faltou perdeu um duro sermão do arcebispo de Brasília, Dom Sérgio da Rocha, contra a corrupção na política.
Sem nome
Quase um mês depois de o STF determinar o afastamento de Aécio Neves (PSDB-MG) do mandato, por denúncias de corrupção feitas por delatores da Lava Jato, finalmente o Senado Federal retirou o nome do parlamentar do painel instalado no plenário. Na véspera do feriado de Corpus Christi (14/6), o equipamento só registrava dois representantes na bancada mineira: Zezé Perrella (PMDB) e Antonio Anastasia (PSDB) – também citados nas investigações da força-tarefa.
Faz falta?
Ninguém duvida da influência de um político que cresceu participando das articulações do avô-constituinte-presidente Tancredo Neves. Mas, assim que terminou a última campanha eleitoral, Aécio prometeu “uma oposição incansável, inquebrantável e intransigente”. Porém, sumiu nos dias seguintes ao pleito. Sequer tinha aparecido quando a Lava Jato estourou, em março daquele ano: foram seis ausências em 11 sessões no período. Até aí, nenhuma novidade. Em 2011, 2012 e 2013, Aécio faltou ao trabalho por 61 dias. Nos primeiros quatro anos dos oito aos quais se elegeu para o Senado, apresentou 163 proposições (sendo 142 requerimentos ou pedidos de informações) e 16 projetos (três com outros parlamentares e um acabou retirado de pauta) – média de quatro por ano. Discursou 141 vezes, menos de três/ano, com 21 apartes. Pouco até para um iniciante, quanto mais para um político que estreou aos 20 e poucos anos, como porta-voz do patriarca dos Neves à beira da morte.
Sinal de alerta
Servidores públicos do GDF ligaram o sinal de alerta. De acordo com a categoria, em julho de 2016 o governo Rollemberg começou a pagar o 13º salário com atraso e separado da remuneração do mês. O crédito vinha sendo efetuado entre os dias 13 e 15 de cada mês. Porém, em maio, chegou a ser pago no dia 25. Este mês, o dinheiro ainda não pingou na conta de muita gente. Vale lembrar que no governo local, o benefício é pago no mês de aniversário do funcionário. A promessa é que o depósito seja feito até terça-feira (20/6). Mensagens cifradas emitidas pelo Palácio do Buriti dão a entender que, em julho, não haverá recursos para pagar a folha principal. Já tem gente sem dormir.
Antes só do que mal acompanhado
Herdeiro da empresa Nutrimental, gigante na área de nutrição infantil, o ex-deputado federal, ex-assessor-presidencial e homem da mala Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) parece não ter aprovado as instalações do Complexo Penitenciário da Papuda. Após uma semana ali – e de sua defesa alegar que o cliente, aparentemente intermediário das propinas da JBS a Michel Temer (PMDB-SP), estava ameaçado de morte –, ele conseguiu retornar nesta semana à Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde ficou detido entre 3 e 7/6. Para a PF, as ameaças não se comprovaram. Na prática, “Rodriguinho” trocou a cela que dividia na Papuda com nove detentos, maioria policiais civis enrolados na Justiça, pela solitária de 9m² que ocupava na sede dos federais.
Nas asas da PF
Por falar na PF, a corporação brasileira participou, de 5 a 9/6, da operação internacional Global Joint Action Day, contra fraudes na compra de bilhetes aéreos com cartões de crédito clonados. Só no Aeroporto de Guarulhos (SP), foram identificados três casos – dois referentes a voos internacionais. Um dos presos já tinha sido indiciado por estelionato, mas seguia praticando delitos. O Brasil é o 4º país no ranking mundial de compra fraudulenta de passagens aéreas no crédito. Prioritários para a Europol, os crimes cibernéticos, especialmente os de e-commerce, movimentaram US$ 16 bilhões em 2014 e US$ 20 bi em 2016.
Sem saídas temporárias
A 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, por unanimidade, negou pedido de habeas corpus em favor de Lúcio Bolonha Funaro. Ele queria ter direito a saídas temporárias para visitar sua filha menor, de um ano e dois meses de idade. Funaro foi preso na Operação Lava Jato e está detido desde 1º de julho de 2016, na Papuda, apontado como operador do esquema de corrupção com o deputado cassado Eduardo Cunha. Ao analisar o caso, o relator, desembargador federal Ney Bello, destacou que Funaro é genitor de filha menor, mas essa condição não garante a ele o benefício. O magistrado não considerou razoável que ele obtenha o benefício de sair da prisão para ver a filha, uma vez que centenas de outros detentos do sistema carcerário brasileiro, nas mesmas condições, não têm esse direito.
Le Coq
Mais uma dos federais. Com o MPF e autoridades da França, a PF deflagrou nesta semana a Operação Le Coq (em referência ao símbolo oficial francês, o galo), para apurar o uso de intermediários em contratos entre o governo angolano e empresas estrangeiras mediante pagamento de vultosas comissões. Cerca de 60 agentes cumpriram 12 mandados de busca e apreensão em casas e comércios da Barra da Tijuca e no Recreio dos Bandeirantes, no Rio. Segundo as investigações, os envolvidos cobravam até 35% sobre o valor total para a obtenção de contratos a serem firmados com a administração angolana, cuja língua oficial é o francês (vale esclarecer). O grupo é acusado de corrupção de agente público estrangeiro e falsificação de documentos estatais, entre outros crimes.
(Edição de Ana Helena Paixão)