Ibaneis pedirá a sucessor de Moro transferência de Marcola do DF

Governador do DF travou embates com o ex-ministro da Justiça por ser contrário à permanência de integrantes do PCC no presídio federal

Caio Barbieri
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O governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou nesta sexta-feira (24/04) que, independentemente de quem ocupar a vaga deixada por Sergio Moro, retomará a agenda de negociações com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, principalmente no que se refere à transferência para outros presídios federais de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) que estão no Distrito Federal. O tema levou o titular do Palácio do Buriti a manter entraves públicos com o então ministro.

“A minha discussão com Moro vai além da questão dos criminosos do PCC no presídio federal em Brasília. O Brasil reconhece que ele fez um bom trabalho no combate à corrupção, durante a Lava Jato. No lado da segurança, contudo, não conheço nada que ele tenha feito. Não fechou fronteiras, não barrou o tráfico internacional, não fez nenhuma ação de política pública para a segurança”, criticou.

Ibaneis afirmou que, tão logo seja anunciado o sucessor de Sergio Moro, pedirá agenda para convencer o novo comandante da pasta ministerial a transferir presos como Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, para outra unidade da Federação.

O emedebista citou, inclusive, a recente prisão realizada pela Polícia Federal (PF), em Moçambique, na África, no último dia 13 de abril de um dos líderes do PCC. Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, recebeu R$ 200 milhões do comandante da facção criminosa, o Marcola, para que o traficante ajudasse o chefe a fugir da Penitenciária Federal de Brasília.

“Eles não vão desistir nunca dessa fuga e isso será uma pauta constante do meu governo. Meu dever sempre será cuidar da nossa população, por quem fui eleito”, disse.

Planos

Os planos de tirar Marcola da penitenciária de segurança máxima da capital do país foram revelados pelo Metrópoles e começaram assim que o líder do PCC foi transferido de São Paulo para Brasília, em fevereiro do ano passado.

Em março de 2019, com a chegada de Marcola a Brasília, os faccionados do PCC se mobilizaram em uma tentativa de viabilizar a empreitada no Distrito Federal.

Anotações captadas por autoridades da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP) indicam que os criminosos estavam apenas aguardando o aval de Fuminho. Ele é um dos principais nomes do PCC que ainda estava solto.

Segundo os informes captados, após a saída de Marcola da Penitenciária de Presidente Venceslau, as funções estratégicas do grupo dentro do sistema carcerário foram divididas entre três internos: Márcio Domingos Ramos, Valcedi Francisco da Costa e Wilber de Jesus Marces.

As investigações apontam que o trio estava alinhado com Fuminho para orquestrar o resgate. Algumas funções já teriam sido definidas, como o responsável pela seleção de integrantes com alto nível de conhecimento militar e de armamentos.

O PCC chegou a sobrevoar a Penitenciária Federal de Brasília com o uso de drones. O artifício é comumente usado pela facção para mapear e traçar estratégias de ataque.

Prisão de Fuminho

Fuminho era procurado pela Justiça há 21 anos e foi preso na África. O Metrópoles mostrou com exclusividade os detalhes da prisão pela Polícia Federal.

Considerado o maior fornecedor de cocaína a uma facção com atuação em todo o Brasil, o traficante era o responsável pelo envio de toneladas da droga para diversos países do mundo.

Ele foi autuado por crimes de tráfico de drogas, contra o patrimônio e de financiamento para fuga de líderes de organizações criminosas.

 

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