Filha de morta em Goiás por coronavírus: “Não tinha comorbidade”

Desabafo da mulher foi postado nas redes sociais. Segundo ela, querem "minimizar a letalidade do coronavírus"

Caio Barbieri
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Uma das filhas da primeira paciente morta pela novo coronavírus em Goiás escreveu um desabafo no qual rebate as informações médicas de que a mãe foi a óbito por causa de outras doenças existentes.

O texto foi publicado nesta sexta-feira (27/03), um dia após a Secretaria de Saúde de Goiás confirmar o falecimento da mulher de 66 anos. O viúvo da paciente também foi internado com a mesma doença e está em estado grave no Hospital de Campanha de Goiânia. Eles são moradores de Luziânia (GO), município que integra o Entorno do Distrito Federal.

“No intuito de minimizar a letalidade da Covid-19, estão dizendo que minha mãe possuía várias comorbidades, sendo que a única coisa que ela tinha era hipertensão. Não era diabética. E os problemas nos pulmões foram causados pelo coronavírus. Ela estava bem, cumpriu a quarentena imposta. Não viajou para o exterior e passava a maior parte do tempo isolada na fazenda”, escreveu ela no texto postado.

De acordo com o desabafo, a paciente precisou ser transferida da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Ingá, em Luziânia, para a capital de Goiás, onde demorou para ingressar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Doenças Tropicais (HDT).

“Foi negligenciada assim que chegou no HDT em Goiânia, que mesmo sendo regulada para a unidade, teve que ficar quase uma hora aguardando UTI após quatro horas de viagem”, relatou.

A Secretaria de Saúde de Goiás foi procurada, mas não retornou os contatos feitos pela coluna.

Veja a publicação:

Pai internado

Após o anúncio do óbito, o pai dela também foi infectado com sintomas da doença e recebeu a confirmação em Goiânia. “Quanto ao meu pai, ele é hipertenso e estava se recuperando bem de uma pneumonia e teve que ser levado à UPA por ter entrado em choque com a notícia da minha mãe. Foi encaminhado à Goiânia seguindo protocolos do Ministério da Saúde. Estava consciente, respira sem aparelhos, se recupera bem na medida do possível”, afirmou.

Segundo a filha dos pacientes, a família está enfrentando um verdadeiro drama após a contaminação com a Covid-19. “Agora podemos perceber o grave problema que muitos irão enfrentar. A falta de leitos, exames e a propagação do vírus. Eu realmente espero que essas pessoas que estão distorcendo a situação da minha mãe, e atualmente do meu pai, não tenham que passar pelo que nós estamos passando”, disse.

“Além de lidar com a dor, lidar com gente inescrupulosa. Pense bem antes de opinar em situação nas quais você não está vivendo. Amanhã pode ser a sua família e seus pais”, desabafou.

O estado de Goiás decretou estado de emergência no dia 13 de março por conta do coronavírus e baixou medidas de restrição. Suspendeu, por 15 dias, todos os eventos públicos e privados que envolvam aglomerações, bem como visitação em presídios e centros de detenção para menores e de pacientes que tenham sido diagnosticados com o vírus.

O governador Ronaldo Caiado autorizou, ainda, que pacientes sob suspeita de contaminação ou que estejam comprovadamente infectados sejam submetidos a exames e vacinação compulsórios.

No fim de semana, Caiado disse para que as pessoas do Entorno só se desloquem para o DF em caso de “extrema necessidade”.

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