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Artilharia de sindicatos mira o Buriti (e o Planalto)

Conheça os bastidores e os personagens do que foi notícia na semana que passou, e saiba o que esperar da que se inicia neste domingo

atualizado

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Michel Melo/Metrópoles
Base-greve-geral-abre
1 de 1 Base-greve-geral-abre - Foto: Michel Melo/Metrópoles

Jesus casado no Corpus Christi
Católico, o distrital Cláudio Abrantes (sem partido) aproveitou o feriado de quinta-feira (15/6) para se casar com Jussara Cardoso. A cerimônia foi realizada na igreja São Judas Tadeu, e a festa, para 400 convidados, no espaço Dúnia City Hall. Entre os presentes, os colegas de Câmara Legislativa Joe Valle (PDT), Wellington Luiz (PMDB), Israel Batista (PV) – que comemorou a união nas redes sociais (imagem baixo) – e Wasny de Roure (PT), além do ex-secretário de Segurança Sandro Avelar (PMDB). O casal segue para a Itália neste domingo (18), onde passará 10 dias em lua de mel. Abrantes, que por anos interpretou Jesus na Via-Sacra de Planaltina, quer ver o Papa Francisco.

Cabo de guerra
Azedou de vez as já estremecidas relações entre o Buriti e as representações dos servidores da Saúde. Pressionada por inúmeras deficiências no atendimento prestado à população, a categoria trava uma queda de braço com o governo em torno da proposta que muda o modelo de gestão do Hospital de Base (foto em destaque) – a maior unidade pública do DF –, transformando-o em instituto. Ao divulgar vídeo responsabilizando os sindicatos que representam os trabalhadores do setor pelo caos na Saúde Pública, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) pôs gasolina na fogueira. SindSaúde e SindMédico avisam: com ou sem corte de ponto, os servidores baixarão em peso na Câmara Legislativa na terça (20/6), para pressionar os distritais a rejeitar a criação do Instituto HBDF.

Mexeu em vespeiro

Reprodução
Quando acusou o presidente do SindMédico, Gutemberg Fialho, de receber sem trabalhar, Rollemberg desagradou de uma só vez as representações das maiores categorias funcionais do DF. A declaração coloca em cheque a Lei Orgânica e a regulamentação da licença para exercício de mandato classista. O Decreto nº 33.652/2012, que regula a “Constituição” local, define a liberação de “um dirigente para cada grupo de 2 mil servidores filiados, além dos dirigentes previstos na alínea a, até o limite de 10″. O resto dos sindicalistas que não tinha nada a ver com a pendenga acabou se sentindo atacado e foi envolvido pelo próprio governador e seu vídeo da discórdia. Um problemão para quem já não é muito benquisto pelos funcionários públicos.

Educação busca segurança…
Depois de um aluno do Centro de Ensino Zilda Arns, no Itapoã, ser assassinado dentro da instituição, dia 13, o Sindicato dos Professores retomará a campanha de combate à violência nas escolas. Nesta semana, a entidade se reunirá com funcionários, estudantes e familiares para definir um ato pela paz e em memória de Gidenilton Lacerda. Conforme o Metrópoles revelou, o colégio é equipado com câmeras de segurança, mas elas não funcionam desde 2014, por falta de manutenção. A Secretaria de Educação admitiu não ter ideia de quantas escolas brasilienses enfrentam o mesmo problema. A volta da campanha do Sinpro é sinal de que vem pressão sobre os gestores para garantir mais segurança à comunidade escolar.

… e mais verba
Sinpro-DF/Divulgação
O Sinpro apresentou 10 emendas ao Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias 2018. Elas foram entregues terça-feira (13/6) à Câmara Legislativa. As propostas garantem tanto recursos para construção e reformas de escolas quanto à contratação e à qualificação de professores. Também preveem a recomposição de perdas salariais, promovendo isonomia com outras categorias de nível superior do funcionalismo local. A equipe técnica da Comissão de Educação explicou aos sindicalistas um novo cálculo para assegurar investimentos no Plano Distrital de Educação. Segundo os assessores do colegiado, em 2015 e 2016, houve queda de mais de R$ 600 milhões nas despesas liquidadas nas unidades orçamentárias da Secretaria de Educação. Se a mudança de metodologia vingar, calculam, a área contará em 2018 com um mínimo de R$ 8,2 bi para investir.

À espera do Excelentíssimo
Com poucos problemas a resolver, a Chefia de Gabinete de Rodrigo Rollemberg publicou portaria na edição desta sexta do Diário Oficial do DF para deixar bem claro os procedimentos exigidos de quem deseja uma agenda com o governador. As normas valem para reuniões, encontros ou eventos. Os pedidos devem ser encaminhados “diretamente à Coordenação de Agendamento do Governador” por telefone e “preliminarmente” também por email. É obrigatório o preenchimento de formulário específico, cujo modelo também saiu no DODF, mas o envio não garante confirmação da agenda e o compromisso pode ser cancelado, “independentemente das razões”, pelo Gabinete da Governadoria. Faltou pedir assinatura em três vias e reconhecimento de firma em cartório.

Temer esnoba ONU…
Venceu quarta-feira (14/6) o prazo para o governo federal encaminhar esclarecimentos à ONU sobre projetos que tramitam no Congresso Nacional e instituem a “Escola sem Partido” – controle dos conteúdos discutidos em sala de aula. A União se omitiu, o que é considerado grave e pode resultar em interpelação da entidade internacional. A procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat, já estuda entrar com ação e na sexta (16) pediu explicações ao Itamaraty sobre o motivo de os questionamentos não terem sido respondidos. Ano passado, a procuradoria encaminhou aos congressistas nota técnica apontando inconstitucionalidade das propostas.

…E ONU critica programa

Dibulgação
A ONU solicitou as informações em 13 de abril, abrindo prazo de 60 dias para o Brasil se pronunciar. Três relatorias especiais do Alto Comissariado de Direitos Humanos da organização assinam o documento, que faz referência direta à proposta do deputado federal e presidente do PSDB-DF, Izalci Lucas. O PL 867/2015 do parlamentar inclui o programa na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Para a ONU, a Escola sem Partido institui controle ideológico em sala de aula, afronta a liberdade de expressão e criminaliza docentes. Na Câmara Legislativa, uma cria do projeto de Izalci foi apresentada pela deputada Sandra Faraj (SD): assim como os demais autores de propostas similares nos legislativos estaduais, municipais, distrital e federal, ambos têm forte ligação com igrejas cristãs.

Ataque em palanque suíço
Para acabar de queimar o filme do governo Temer junto à ONU, nesta semana o secretário nacional de Relações Internacionais da CUT e representante do Brasil no Conselho de Administração da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Antônio Lisboa, fez um discurso duro contra a atual gestão federal na 106ª Conferência Internacional do Trabalho da OIT, em Genebra (Suíça). O sindicalista afirmou que o país vive momentos de instabilidade social e democrática. E usou como exemplos o que chamou de descaso da União com o crime ambiental de Mariana (MG), os recentes assassinatos de trabalhadores rurais e indígenas em conflitos por terra, além de ataques aos direitos dos trabalhadores, com o congelamento dos gastos públicos por 20 anos e as propostas de reformas trabalhista e previdenciária. A CUT, por sinal, promove na terça (20) o Dia Nacional de Mobilização Contra as Reformas Trabalhista e da Previdência e convoca nova greve geral no país para 30/6.

Direito ao esquecimento
Reprodução

O STF realizou audiência pública nesta semana para discutir um tema sensível: o direito ao esquecimento. À espera de decisão da Corte há um recurso da família de Aída Curi, assassinada em 1958, aos 18 anos, no Rio. Os parentes questionam a reconstituição do caso em 2004, sem autorização, por um programa de TV. Para eles, o próprio tempo fez com que o crime fosse esquecido pela mídia e assim deveria permanecer. Na audiência, acadêmicos e representantes de entidades e associações defenderam correntes distintas. Para o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, “é da nossa Constituição a vedação expressa às penas de caráter perpétuo”. Já as associações nacionais de Jornais e de Editores de Revistas sustentaram que “o reconhecimento do direito ao esquecimento é um limite à liberdade de expressão, de informação e de imprensa”.

(Com edição de Ana Helena Paixão)

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