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Focada em tecnologia e educação, Aerolito lança o curso Futuro da Moda

O conteúdo on-line aborda como tecnologias emergentes vão impactar em diferentes níveis o mercado fashion

atualizado

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Mark Kolbe/Getty Images
Celular em cenário de desfile de moda
1 de 1 Celular em cenário de desfile de moda - Foto: Mark Kolbe/Getty Images

Em tempos de pandemia, muito se fala sobre as mudanças necessárias para o mercado fashion. Com o objetivo de analisar como a tecnologia vem moldando a indústria, a plataforma Aerolito lançou o curso Futuro da Moda. O conteúdo é 100% digital e já está disponível. Em entrevista à coluna, Kim Trieweiler, um dos envolvidos na elaboração das aulas, explicou o conceito.

Vem comigo saber mais!

Giphy/Aerolito/Reprodução

A ideia é apresentar um olhar sobre os impactos no ciclo da moda e suas relações com diferentes tecnologias. O conteúdo será conduzido por Simone Gasperin, sócia da Aerolito; Igor Oliveira, líder de pesquisa da empresa; e Kim Trieweiler, pesquisador e futurista. Entre os convidados, está Cairê Moreira, fundador da consultoria Genyz.

“O modelo de negócios de moda como conhecemos está em amplo questionamento. As tecnologias emergentes vão impactar em diferentes níveis todo o ciclo: criação, modelagem, mão de obra, matérias-primas, canais de vendas e reuso. Vamos propor reflexões e caminhos para este cenário”, explicou Simone Gasperin em comunicado.

O curso é dividido em 15 módulos, com aproximadamente 5 horas de aulas gravadas. A inscrição é feita pelo site da Aerolito. A cada semana, dois tópicos serão liberados. A masterclass custa R$ 249, mas, atualmente, a ferramenta está oferecendo desconto de 20%.

Homem com óculos escuros em estética futurista
Desenvolvido pela plataforma Aerolito, o curso on-line Futuro da Moda já está disponível

 

Kim Trieweiler em preto e branco
Um dos organizadores do curso, Kim Trieweiler é pesquisador de futurismo

 

Simone Gasperin em preto e branco
Simone Gasperin é sócia da Aerolito e também está entre os condutores das aulas

 

Igor Oliveira em preto e branco
Líder de pesquisa da empresa, o engenheiro Igor Oliveira completa o time

 

Confira a entrevista com Kim Trieweile sobre o assunto:

O que é o futurismo?
Por ser uma disciplina relativamente nova, existem poucos registros ou definições formais do que é futurismo. Na Aerolito, nós desenvolvemos a nossa. Para nós, futurismo é a disciplina que investiga, explora, traduz e acelera as possibilidades de futuros emergentes/pós-emergentes. A ideia é observar como as evidências encontradas na ciência, na tecnologia e no empreendedorismo/mundo dos negócios podem afetar a cultura, os novos comportamentos e as novas estruturas da sociedade, aumentando a nossa consciência e, assim, nos ajudando a tomar melhores decisões para gerar impacto positivo no mundo de hoje e de amanhã.

Qual a importância do curso? Qualquer pessoa pode fazer?
Sim, qualquer pessoa interessada em moda pode fazer, mas ele é especialmente interessante para quem atua profissionalmente nesse mercado. O Futuro da Moda é um curso em que aplicamos a nossa lente transversal para enxergar como a tecnologia está transformando a moda. A notícia do desfile digital da estilista Anifa Mvuemba, que saiu após o lançamento do nosso curso, é um acontecimento que reforça a necessidade de enxergarmos na tecnologia um vetor de mudança desse mercado.

Analisamos mais de 100 cases, notícias, reports e modelos de negócio para entender como esses drivers estão reconfigurando o ciclo da moda. O resultado ficou bem bacana, são 15 módulos, em que exploramos diferentes temáticas que surgiram na nossa pesquisa e refletimos junto com as pessoas sobre os impactos delas. Além de alguns bônus, como a participação de marcas convidadas que contaram um pouco do seu modelo de negócio e visão do futuro da moda.

Celulares gravando desfile
O curso aborda como a tecnologia impacta a moda

 

Pessoas com celulares em plateia de desfile de moda
Todo o ciclo fashion está em processo de transformação, de acordo com a Aerolito

 

Desfile 3D
Kim Trieweile citou o desfile 3D da marca africana Hanifa, que aconteceu em  maio

A moda está em constante mudança? Como isso pode ser observado?
Definitivamente, a moda é um dos mercados que muda constantemente, principalmente quando observamos tendências e estilos. Tradicionalmente, observando lançamento de produtos, em feiras de matéria-prima e produto pronto assim como desfiles, street style e outros sinais comportamentais, seria possível entender as tendências para a próxima temporada. O que estamos observando é uma mudança mais profunda em modelos de negócio, que acontecem e se consolidam a partir de novas tecnologias.

Enxergo o futuro da moda caracterizado por diversas quebras de paradigmas históricos, mas que ainda são vigentes. As novas tecnologias aplicadas em cada uma das etapas do ciclo da moda estão, no final das contas, as desconstruindo. Da ideia de concorrência à lógica de coleções, passando pelos modelos de criação, produção, comercialização e reuso. O uso de inteligência artificial, para criação de peças, não muda a forma como as marcas lidam com os dados de consumo? O desenvolvimento de peças de roupa com tecnologia embarcada, como as do projeto Jacquard, não muda a forma como interagimos com o mundo ao nosso redor?

O mercado da moda tradicionalmente funcionou de uma forma bem sistemática, com datas bem específicas para lançamentos e etapas que precisavam ser respeitadas para um novo produto chegar até as pessoas consumidoras. Analisando o mercado como um todo e observando as diferentes iniciativas que estão mudando as regras do jogo, me parece que eventualmente não teremos mais tantas regras assim nesse jogo.

Modelos em desfile da Gucci de primavera/verão 2020
Mesmo o tradicional circuito de desfiles internacionais (Nova York, Londres, Paris e Milão) está passando por adaptações

 

Desfile Saint Laurent
Recentemente, grifes renomadas abandonaram calendários predefinidos para estabelecer um ritmo próprio de exibir coleções

Como você acredita que a pandemia vai impactar o mundo fashion?
A pandemia já impactou o mundo fashion em diversos aspectos. Em camadas de negócio, temos marcas precisando se adequar rapidamente aos novos tempos, digitalizando operações que eram, ainda, muito analógicas, focadas em pontos de venda físicos, participação em feiras de negócio e até visitas presenciais de representantes comerciais. O bom é que temos tecnologias que permitem essa mudança, como as lojas por streaming. É o caso da ShopShops, uma plataforma que permite a compra de produtos direto de lives, que acontecem dentro das lojas, o que permitiria um aproveitamento do espaço físico, respeitando o distanciamento social, e engajando os públicos.

Em uma camada mais comportamental, vejo o mercado de moda mudando seu discurso para se alinhar ao novo momento. Estimular a vaidade e a individualidade parece muito fora de tom com o momento que estamos vivendo e vamos seguir vivendo mesmo após a pandemia, que pede por união e coletividade. Um outro caminho sendo adotado é o do entretenimento, como a Marc Jacobs e a Amaro, que criaram perfis e peças no game Animal Crossing. A grande questão, me parece, é que ao adotarem uma postura transversal e enxergarem para além do próprio mercado, as marcas de moda vão encontrar soluções criativas para agirem na pandemia e não só reagirem à pandemia.

Marc Jacobs
A grife Marc Jacobs está no jogo Animal Crossing

 

Personagens do jogo Animal Crossing e croquis da Amaro
A Amaro também entrou na onda

 

modelo virtual
Recentemente, a Amaro lançou a Mara, uma modelo virtual. No futuro, ela será uma interface de inteligência artificial

 

A Aerolito

Fundada em 2014, a Aerolito se deu pela junção da Perestroika, escola de metodologias criativas, com a Bode, empresa de prototipagem rápida de software. A empresa atua como um “laboratório de criação e exploração de cenários futuros”.

A plataforma também lançou recentemente o curso O que vem depois da pandemia?, ministrado por Tiago Mattos, um dos idealizadores da Aerolito. São 10 capítulos que trazem “levantamentos, hipóteses e visões de futuro, com ênfase para o futuro do trabalho e as mudanças que impactarão as empresas” depois do surto da Covid-19.

 

Colaborou Rebeca Ligabue

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