Com câmeras nas roupas de deputado federal, PCDF flagra extorsão

Homem viajou de Israel a Brasília somente para exigir de Luis Miranda (DEM-DF) R$ 760 mil para cessar a publicação de vídeos ofensivos

Lilian Tahan ,
Saulo Araújo
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A Polícia Civil do DF prendeu em flagrante, na noite dessa quinta-feira (05/09/2019), um homem com passaporte alemão que extorquia o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). Há pelo menos um mês, Daniel Luís Mogendorff vinha mantendo contato com o parlamentar.

Nas conversas, ele exigia R$ 760 mil em troca da promessa de cessar publicações produzidas por um grupo de youtubers que atacava o político do DF nas redes sociais.

Apesar do documento emitido pela Alemanha, Daniel mora em Tel Aviv, em Israel, e desembarcou em Brasília na quarta-feira (04/09/2019) supostamente para receber o dinheiro cobrado do deputado.

O que ele não esperava é que Miranda comunicasse à PCDF sobre o encontro. Diante da possibilidade de um flagrante, os investigadores prepararam o parlamentar.

Nas roupas de Miranda, instalaram microfones e câmeras invisíveis. Um dos botões da camisa, por exemplo, serviu para esconder uma filmadora que registrou a extorsão.

Durante a reunião, que ocorreu no restaurante Coco Bambu, no Lago Sul, o suspeito, sem saber que era gravado, teria confessado uma série de crimes, inclusive o de lavagem de dinheiro para políticos influentes por meio da venda de diamantes.

Instruído pela polícia, para caracterizar o flagrante, o deputado disse ao criminoso que daria somente R$ 4 mil de sinal e que depois repassaria o restante. Nesse instante, mais de 20 agentes à paisana monitoravam o encontro.

Veja uma parte do encontro. Miranda aparece de preto nas imagens:
Preso em hotel

Após guardar o dinheiro, o homem entrou em um carro e se dirigiu ao Carton, no Setor Hoteleiro Sul, onde foi detido pela equipe da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC). A operação foi comandada pelo delegado Giancarlo Zuliani.

Procurado pelo Metrópoles, Luis Miranda contou detalhes da coação sofrida. “Era um grupo que a PCDF investigava há um tempo e decidiu promover ataque a mim na internet. A intenção dessa quadrilha era minar minha imagem e conseguir dinheiro”, disse.

Depoimento

Já passava da meia-noite quando Miranda chegou ao Departamento de Polícia Especializada (DPE) para prestar depoimento.

O Metrópoles teve acesso às três páginas da oitiva do parlamentar. Nelas, o político narra que Daniel teria dito que um programa de uma grande emissora de televisão brasileira estaria produzindo uma reportagem com denúncias contra o deputado, mas caso recebesse R$ 1 milhão conseguiria usar sua suposta influência e impedir que a matéria fosse ao ar.

Antes do encontro no Coco Bambu, pela manhã, no Carlton, o criminoso teria convidado Miranda para um café e pediu R$ 360 mil para excluir do YouTube vídeos que denigrem a reputação do deputado do DF.

Outros investigados

Além de Daniel Luís Mogendorff, a DRCC investiga a participação de outras quatro pessoas na rede montada na internet para extorquir o político. Todos foram indiciados por extorsão, incitação ao crime, organização criminosa e difamação.

 

 

 

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