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“O câmbio alto é muito grave”, diz o ex-ministro Ricupero

Ex-titular da Fazenda se preocupa, principalmente, com o endividamento das empresas brasileiras, a começar pela Petrobras

atualizado

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Ministro da Fazenda no governo Itamar Franco, o embaixador Rubens Ricupero continua atento aos sinais negativos da economia brasileira. Um mês depois de conceder longa entrevista ao Metrópoles – quando fez um alerta sobre a deterioração das contas do país, o diplomata voltou a falar com o portal.

Desta vez, mostrou-se preocupado, sobretudo, com a desvalorização do real frente ao dólar. A moeda dos Estados Unidos encerrou esta sexta-feira (21/02/2020) cotada a R$ 4,39, depois de abrir o dia acima de R$4,40, maior patamar da história.

“A volatilidade [da moeda] é muito grave”, afirma Ricupero. “Ao contrário do que disse o Paulo Guedes, o câmbio alto, como está agora, não é bom para o país. Muitas empresas, a começar pela Petrobras, têm dívidas muito grandes em dólar e, quando o dólar se valoriza, a dívida aumenta”, explica o ex-ministro.

Na entrevista de janeiro, Ricupero destacou o crescimento do déficit em contas correntes como um dos sintomas da fragilidade da economia. Os números divulgados pelo governo nas semanas seguintes confirmaram o diagnóstico do ex-ministro. Em janeiro, esse déficit ficou em US$ 11,879 bilhões, mais de US$ 3 bilhões acima das contas do Banco Central.

Outro fator desfavorável ao Brasil lembrado pelo diplomata é a crise na China provocada pelo coronavírus. Pela dimensão dos seus efeitos, a doença afetou o comércio internacional da China e, em consequência, os países com os quais faz negócios, como o Brasil.

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