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O símbolo da estupidez: 84% de recalls de airbag mortal foram inúteis

Diretor do Denatran admite o fracasso dos recalls. No caso dos airbags, suspeita-se que a “chuva de faca” já matou 16 nos EUA e na Malásia

atualizado

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Foto: Newsome Melton
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O diretor do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Elmer Coelho Vicenzi, deu uma entrevista esta semana ao programa Por dentro do governo, da TV Brasil, e reconheceu: 84% dos mais de 2,2 milhões de veículos que têm os chamados airbags assassinos não fizeram recall.

Recall é uma convocação das montadoras, espontânea ou obrigatória, para reparo de carros que têm defeito de fabricação que possa gerar um risco à saúde ou segurança do motorista, passageiro ou terceiros. No caso dos airbags, fabricados pela japonesa Takata, os dados são assustadores: mais de 30 milhões de veículos de diversas marcas foram objetos de recall no mundo.

Porém, entra ano, sai ano e não há recurso, Madalena: no mês passado, por exemplo, a Mitsubishi do Brasil convocou proprietários de Pajero Full fabricados entre janeiro de 2010 e dezembro de 2012!!! Isso significa que desde então (até sete anos) os passageiros desses modelos correram sério perigo. Sim: em caso de acidente, o insuflador do airbag do lado de passageiro pode explodir e simplesmente jogar “fragmentos metálicos” (ou chuva de facas, como definiu alguém) no rosto do passageiro, até matando-o.

Bem, Vicenzi foi sincero, mas sua sinceridade leva à “ingenuidade” da dúvida: por qual motivo ainda não se agiu seriamente no sentido de se estancar esse fenômeno, prestes a merecer a denominação de calamidade. O governo acha mesmo que medidas singelas, como “fazer parceria com as empresas do setor” para pegar endereço de proprietários, vai dar fim a essa tragédia – por sinal, global, que já tem pelo menos 16 mortes vinculadas nos EUA e na Malásia?

E mais: vocês sabem qual foi o segundo maior motivador dos recalls realizados entre 2013 e junho de 2016? Os freios, com 17% das convocações. Dois carros ao nosso lado têm algum tipo de defeito no sistema de frenagem, pondo em risco seus donos e nós mesmos. E não estamos nem aí para isso?

Arte MJ, sobre foto de Marcelo Camargo/ABr

Curiosidade: a lista defeitos inclui motor (11%), direção (9%) e cinto de segurança (7%).

Essa tragédia da ineficiência empresarial e estatal – por meios dos órgãos gestores e reguladores – se deve a vários fatores:

  • O consumidor, que geralmente ignora os chamados – isso quando sabe da existência deles;
  • As montadoras: ano após ano a quantidade de veículos produzidos com defeito só aumenta (estima-se em 10 milhões a quantidade de carros defeituosos objetos de recall no Brasil);
  • A omissão do Estado. Veja se você entendeu mesmo a gravidade dessa convocação: “Foi verificado um defeito nas pistas do rolamento interno da junta homocinética do semieixo, que pode ocasionar ruídos em manobras, vibração e desgaste prematuro. Em casos extremos as pistas podem quebrar, ocasionando perda de tração”.

Ora, danem-se as “pistas de rolamento” e a “junta homocinética”! O fim da frase é o objeto crucial da informação: se um carro perde tração, ele sai de frente, vai reto numa curva, capota, bate num poste, cai numa ribanceira e, aí sim, vai provavelmente matar ou incapacitar alguém.

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