Flipiri é a festa da literatura no coração de Goiás

Começa na sexta-feira (18/11) a 8ª Festa Literária de Pirenópolis, Flipiri. O evento vai até domingo (20/11), com um pouco de atraso em relação às edições anteriores. Teve a data remarcada, o que causou alguma reclamação daqueles que haviam se planejado para ir à cidade na data inicialmente informada. A festa, porém, merece a presença de quem gosta de literatura. Como a Flip, a Feira Internacional de Paraty, acontece em uma das cidades com mais apelo histórico da região.

Neste ano, o homenageado será Ziraldo (foto abaixo), um pouco na carona da Bienal Brasil do Livro e da Leitura de Brasília, já que o cartunista foi uma das atrações daquele evento. O autor de “Menino Maluquinho”, seu personagem mais famoso, e ganhador do Jabuti infantil, em 1980, começou na escrita adulta: tinha uma coluna de humor na Folha da Manhã ainda na década de 1950.

Além do trabalho de cartunista e de colunista, Ziraldo foi um ativista do editorial de humor. Fundou o Pasquim, publicação muito popular na década de 1960, e, já no anos 1990, depois da abertura política, a revista Bundas — clara referência satírica à revista Caras. Tem bagagem, do alto de seus 84 anos, recém-completados.

Diversidade
Além de Ziraldo, o evento contará com outros nomes de repercussão nacional, como Ignácio de Loyola Brandão — homenageado da 1ª Flipiri, em 2009, logo depois de ganhar o Jabuti, com “O Menino que Vendia Palavras”; e Tiago de Melo Andrade, ganhador do Jabuti de autor revelação, em 2001.

Haverá, também, sessões de histórias contadas, apresentações teatrais, de dança e de música, e a exposição da obra do artista plástico e arquiteto goiano Elder Rocha Lima. O evento tem ainda uma pegada socioambientalista, com a presença de Nurit Bensusan e Ailton Krenak, ambos escritores e ativistas dedicados ao tema.

Autores goianos e brasilienses também terão espaço na Flipiri: os organizadores do evento reservaram os horários de 14h a 18h, nos três dias da festa, para autores visitantes lançarem e divulgarem seus livros.

Assim, além dos escritores Maurício Gomyde e Clara Arreguy, e do jornalista e crítico literário Maurício Melo, por exemplo, que participam de mesas dentro da programação oficial, haverá a presença de escritores que acabam de lançar seus livros. Entre eles, a jornalista Paulliny Gualberto, com seu “Alegro Ma Non Troppo”, e o colunista aqui, com o livro de poemas “Terminal”, ambos no sábado (19/11). Confira a programação completa da 8ª Flipiri.

Prêmio Jabuti
Por falar em Jabuti, saiu a lista dos vencedores deste ano. O único brasiliense agraciado foi Roger Mello (foto acima), na categoria infantil (a mesma que ganhou Ziraldo, com quem já trabalhou), com o livro “Inês”. Mello já havia faturado o Jabuti em 2002, com “Meninos do Mangue” (olha aí os meninos de novo) e, em 2014, ganhou, como ilustrador, o Prêmio Internacional Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infantil.

Eis alguns dos vencedores nas principais categorias: Romance – “A Resistência”, de Julián Fuks (Cia. das Letras); Contos e Crônicas — “Amora”, de Natalia Borges Polesso (Não Editora); Reportagem e Documentário – “Cova 312”, de Daniela Arbex (Geração); e Poesia – “Agora Aqui Ninguém Precisa de Si”, de Arnaldo Antunes (Cia. Das Letras). No site oficial do Jabuti estão os nomes de todos os vencedores.

O anúncio dos livros do ano de Ficção e Não Ficção será feito na cerimônia de entrega dos prêmios aos vencedores das diversas categorias. Haverá também o prêmio do público — é a primeira vez que o Jabuti apresenta essa categoria. O prêmio será concedido em parceria com a Amazon, que está compilando a votação por meio das críticas dos livros finalistas em seu portal.

Para finalizar, claro, um poema sobre Pirenópolis:

Pedra Filosofal I

que queres
cidade
alquimista,
com esse povo
que te visita?
transformar em
ouro a
pirita?
ou apenas
dissolvê-los
revolvê-los
anestesiados
de birita?

João Bosco Bezerra Bonfim
(Pirenópolis Pedras Janelas Quintais, Editora Plano, 2002)