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“Bolsonaro tem que se explicar”, diz Waldir sobre Queiroz

Ex-líder do PSL acusa presidente de se distanciar do combate à corrupção e afirma que esse foi um dos motivos do “afastamento” deles

atualizado

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Alex Ferreira/Câmara dos Deputados
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1 de 1 delegado-waldir-soares - Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados

Ex-líder do PSL na Câmara, o deputado federal Delegado Waldir (GO) disse que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) precisa dar explicações a respeito da divulgação de áudio do ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) Fabrício Queiroz. Tornada pública pelo jornal O Globo, a gravação expõe o ex-policial falando sobre como fazer indicações políticas em gabinetes parlamentares.

“Ele tem que se explicar, o Queiroz era chegado dele, é amigo dele, cada um tem que se explicar sobre os amigos com quem anda. Essa foi uma das razões da gente ter se afastado, essas amizades não são defendidas pelo nosso grupo”, declarou Waldir.

Ele também criticou o presidente porque, na sua avaliação, Bolsonaro se afastou do compromisso com o combate à corrupção. “Nosso grupo é favorável às CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Fake News e da Lava Toga; eles (os Bolsonaro), não. Tentaram esvaziar o (ministro da Justiça) Sergio Moro, que se viu ameaçado de ser demitido, houve grande pressão na Polícia Federal e no Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). Quando fomos para a rua e tiramos a (ex-presidente) Dilma Rousseff, nossa bandeira era a defesa intransigente da corrupção, sem ter bandido de estimação.”

Questionado sobre o assunto nesta quinta-feira (24/10/2019) na China, onde está em viagem oficial, o presidente disse que desconhecia a informação (sobre o áudio) e esquivou-se: “Queiroz cuida da vida dele, eu cuido da minha”.

Em outra entrevista, mais tarde, Bolsonaro garantiu não falar com o ex-assessor de Flávio “desde que aconteceu esse problema”, em referência às denúncias de que ele comandava um esquema de “rachadinha” no gabinete do filho.

Queiroz trabalhou com Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (RJ) entre 2007 e 2018, quando o filho mais velho do presidente ainda era deputado estadual, e é suspeito de comandar o esquema que consiste no repasse, pelos funcionários do gabinete, de parte de seus salários.

No áudio, ele diz que há “mais de 500 cargos na Câmara e no Senado” e que o interlocutor pode “indicar (nomes) para qualquer comissão sem vincular a eles” (família Bolsonaro)”. “O gabinete do Flávio faz fila de deputados e senadores, pessoal para conversar com ele, faz fila. Só chegar lá e nomeia fulano para trabalhar contigo aí”, declara.

Também ao Globo, o ex-assessor admitiu ainda ter influência política por ter “contribuído de forma significativa na campanha de diversos políticos no estado do Rio de Janeiro”. Por sua vez, Flávio afirmou não ter aceitado qualquer indicação e alega não manter contato com Queiroz.

Nesta quinta-feira (24/10/2019), em vídeo publicado nas suas redes sociais, ele afirmou que “fica claro nesse áudio que ele não tem nenhum acesso ao meu gabinete, o que me parece bastante óbvio”. “Eu não tenho mais nenhum tipo de contato com ele há quase um ano. Nunca mais falei. A última notícia que tive, foi pela imprensa, é de que ele estaria tratando um câncer no estado de São Paulo”, declarou Flávio.

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