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Cuidado para não cair nas armadilhas da decoração

Aquela adega climatizada, o excesso de spots no gesso, o jogo de facas da promoção do supermercado. Conheça as principais ciladas do décor

atualizado

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modern style bedroom with pillows on bed
1 de 1 modern style bedroom with pillows on bed - Foto: iStock

Estou juntando de forma aficionada meus adesivinhos de uma rede de supermercado em troca de facas superpoderosas de cozinha. Fiquei tão apaixonada quando usei pela primeira vez a “faca do chef” que virei aquela criança em ano de Copa do Mundo colecionando figurinha dos times.

Já tenho quase todas as facas, além do bloco de madeira. Fica lá, lindão sobre o balcão, mas me pergunto, mesmo cozinhando com frequência, qual é mesmo a utilidade delas?

O mesmo aconteceu quando encomendei um passador de crochê para colocar no pé da minha cama. Lindo, que nem na revista. E que hoje ocupa um espaço perdido no meu armário. Ou quando não resisti e comprei aqueles jogos completos de potinhos para colocar na pia do banheiro. Que em duas semanas me irritaram e foram fadados a uma vida no fundo da gaveta.

São tantas armadilhas do mundo do consumo, que me pergunto se, mesmo com fins estéticos, quantas coisas possuo que são completamente dispensáveis? Quem nunca?

1. O sonho da cama repleta de travesseiros
Aquela cama de filme, com travesseiros enfileirados em diferentes tamanhos, texturas e cores. Um convite a uma soneca que é a cara da riqueza. Já vi cama com mais de dez exemplares. E pra quê? Para você perder longos minutos da sua vida desarrumando a cama pra dormir e rearrumando quando acordar.

Ter esse senso crítico, porém, não exime minha vida do enfileiramento de travesseiros. Ainda que em doses mais homeopáticas (tenho cinco, confesso).

2. Acumulo de louças
A pessoa casa e ganha da tia um jogo de pratos de 12 serviços. Ganha dois faqueiros. Compra um outro jogo de prato de oito serviços, mais simples. Ganha do vizinho taças e mais taças de champanhe, de vinho tinto, de vinho branco, de água, copo pra whisky, taça pra martini. A cozinha mal comporta todas essas tralhas que, com sorte, serão usadas uma vez a cada par de anos.

E então os donos da casa vão atrás de uma cristaleira, ou um bufê, pra armazenar tudo isso nesse móvel novo que vai ocupar um espaço precioso da sala. Vale ter louças sortidas e copos suficiente para dia de festa? Vale. Desde que esse excesso não lhe custe um espaço precioso da casa, nem compras desnecessárias.

3. A ilusão do excesso de iluminação no gesso
Quem caiu nesse golpe estético sabe o sentimento: você quer ligar a luz central rapidinho, mas só consegue depois de acender e apagar a luz do rasgo, a luz dos spots do sofá, a luz dos spots do rack, a luz da fita de led, a luz do pendente, num exercício sem fim de apertar a série de botões do interruptor.

É claro que iluminação é uma parte importante da minha profissão, mas acho que caímos em uma armadilha de excessos de cenários de luz nos ambientes que é completamente dispensável. Sou do time que quando o assunto é luz no gesso, o excesso vira pecado capital.

4. O conto da adega climatizada
A adega virou uma queridinha na casa de jovens casais empolgados com a possibilidade de ter sempre a disposição um vinhozinho na temperatura ideal. Mas são pouquíssimos os que realmente fazem o investimento valer a pena. Primeiro porque em tempos de lares cada vez mais compactos, a adega pode acabar virando um trambolho nunca utilizado, estacionado na sua sala de estar.

Então se pergunte: vale mesmo a pena ter uma geladeira extra versão mini num espaço de 80m2, fora da cozinha, só para o vinho? E, por fim, é tão terrível assim deixar o vinho que quiser consumir gelar por vinte minutinhos na geladeira como os demais mortais? Vale analisar quanto desse desejo também não está no status de ter uma adega climatizada e tirar aquela onda com as visitas. E sim, é claro, ela pode ser mesmo muito útil na sua casa, se você adora e armazena vinhos. É das decisões que devem ser muito bem pensadas.

 

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