Trauma: casal sequestrado por R$ 50 mi em bitcoins decide deixar país
Casal sequestrado em Anápolis decidiu sair do Brasil. Empresário alemão e a esposa pagaram o próprio resgate em bitcoins, ainda no cativeiro
atualizado
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O empresário alemão e a esposa que foram sequestrados em Anápolis (GO) e precisaram pagar o próprio resgate com R$ 50 milhões em bitcoins ficaram traumatizados e decidiram deixar o país por medo de um novo crime. A informação foi confirmada pelo advogado do casal sequestrado, Fabrício Pereira de Souza.
O casal foi vítima de um sequestro dentro de casa em setembro de 2020. Eles foram levados para um lugar afastado e o empresário transferiu 555 bitcoins (R$ 50 milhões) sob ameaça, pelo celular. As criptomoedas roubadas foram distribuídas pelos suspeitos a várias pessoas, inclusive para as namoradas deles.
Fabrício Pereira disse que nenhum investigado foi preso ou indiciado até o momento, mesmo tendo sido identificados. Como já se passaram dois anos do sequestro, a Justiça entendeu que os suspeitos não teriam como atrapalhar as investigações, de acordo com o advogado.
“Eles voltaram para a Europa por medo, porque os suspeitos estão todos soltos”, afirmou o advogado, ao Metrópoles. “Depois do sequestro, ele se mudou para uma casa em um condomínio fechado, em Anápolis, mas foi embora do país por a Justiça não determinar a prisão de nenhum investigado. Eles estão fora, aguardando o desenrolar do processo para depois voltar”.
Um dos envolvidos no caso, o trader Edgar Acioli está cumprindo pena outro crime, envolvendo um assassinato em São Paulo. Com relação ao roubo em Goiânia, nenhum dos suspeitos foi detido.
Segundo o advogado, foi Acioli quem teve o primeiro contato com o empresário alemão, e tomou conhecimento dos ativos financeiros do casal.
No último dia 15 de dezembro, foram cumpridos 32 mandados de busca e apreensão em Anápolis (GO), Goiânia (GO), Palmas (TO) e São Paulo (SP). Foram apreendidos carros, joias, imóveis e R$ 1,2 milhão em dinheiro vivo.
Valores pulverizados
O advogado Fabrício Pereira de Souza contou que a Polícia Civil descobriu que uma parcela dos bitcoins foi transferida para São Paulo e outra parte para Goiás.
Depois disso, os valores foram pulverizados para outras pessoas, incluindo namoradas dos suspeitos. Rastrear transferências de bitcoins é mais complexo que de moedas comuns. Assim, a polícia precisou fazer uma parceria com o Ministério da Justiça para descobrir.
Nenhum dos envolvidos foi preso até o momento. Os mandados de busca e apreensão foram determinados pela juíza Placidina Pires, da 1ª Vara Especializada em Crime Organizado.
O sequestro
Imagens das câmeras de segurança capturaram o momento em que dois bandidos armados rendem a esposa do empresário quando ela chega em casa com as compras de supermercado. Um terceiro assaltante entra com um veículo na garagem e ajuda os outros dois criminosos, que levaram o casal para um terreno baldio.
Assim que chegaram ao matagal, os sequestradores fizeram o pedido de resgate para própria vítima. Ele precisou transferir o montante de criptomoedas a uma outra conta. Quem tem moedas virtuais guarda no computador pessoal ou no celular, e só o dono tem a chave de acesso a elas.
“Ele me disse: ‘Se fizer algo errado e se não digitar os códigos corretos, vou matá-lo na hora’”, relembra a vítima. O empresário tinha 555 bitcoins e, segundo a polícia, os responsáveis pelo sequestro sabiam desses ativos financeiros.
“Os criminosos detinham conhecimento tanto do quanto que a vítima possuía, quanto da qualidade desses ativos. Se tratavam de pessoas que já tinham havido um relacionamento com essa vítima”, contou o delegado Jorge Bezerra.
Quatro horas depois, com a transferência concluída, as vítimas foram abandonadas no local.