Segundo turno é chance de redenção para partidos que perderam prefeituras
Vencer em determinadas capitais do país pode compensar a diminuição no total de cidades controladas
atualizado
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No segundo turno das Eleições 2020, que acontece neste domingo (29/11), os brasileiros de 57 cidades vão decidir quem será a prefeita ou o prefeito da cidade em que moram. Na lista, aparecem 18 das 26 capitais, inclusive as duas maiores do país — São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ).
Com tantas disputas por uma vaga no cenário político, é fácil se perder e não saber o que é preciso acompanhar. A fim de atualizar o eleitor sobre o panorama do segundo turno, o Metrópoles preparou esta reportagem com os principais pontos de atenção nos pleitos deste domingo. Confira a seguir.
1. Partidos querem recuperar perdas significativas
O Partido dos Trabalhadores (PT) é a legenda que mais disputa segundos turnos, são 15 ao todo. A sigla pode melhorar o desempenho nestas eleições se lograr êxito em alguns estados. A agremiação perdeu 75 prefeituras entre 2016 e 2020, passando de 254 para 179.
“Partidos que registraram perdas significativas no primeiro turno vão querer recuperar no segundo. O PT está concorrendo em prefeituras importantes. A sigla perdeu muitas prefeituras no interior e quer compensar as derrotas com vitória, por exemplo, em Recife. Os dirigentes podem alegar que tiveram vitória importante no segundo turno”, aponta o professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Caldas.
O PT não é o único partido nessa situação. O docente também citou PSDB e MDB como siglas que passam pelo mesmo problema. Em 2016, os tucanos ganharam 785 prefeituras; neste ano, conquistaram 512. Já o MDB recuou de 1.035 para 774.
O Partido dos Trabalhadores lidera a lista de legendas com mais candidatos no segundo turno das eleições municipais (15). Na sequência, PSDB (14) e MDB (12).
2. Eleição em São Paulo
Um dos palcos dessas disputas é São Paulo, onde o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), concorre com Guilherme Boulos (PSOL). Por ser na maior cidade do país, a eleição já teria significativa importância. E essa relevância aumentou diante do cenário atual. Para o PSDB, perder seria muito negativo.
“Os prefeitos em reeleição que foram para o segundo turno tomaram, de certa forma, um veto muito forte do eleitorado. No primeiro turno, o eleitor vota e, no segundo, veta”, pontua o advogado e cientista político Rafael Favetti.
3. Renovação da esquerda
A ida de Boulos para o segundo turno aponta para renovação na esquerda, com a nova geração se sobrepondo à velha. “Se ele ganhar, será um vitória bombástica, com poder de irradiação no sistema político. Além disso, o adversário de Covas se requalifica para a Eleição 2022″, destaca Caldas.
De acordo com Favetti, mesmo que Boulos perca em São Paulo, a derrota eleitoral não signficará fracasso político. “Há um incômodo com a hegemonia do PT na esquerda, e a ascensão do PSol é uma mudança muito significativa para esse campo”, analisa.
O mesmo vale para a eleição em Porto Alegre, onde Manuela D’Ávila (PCdoB) disputa com Sebastião Melo (MDB); e no Recife (PE), em que os primos Marília Arraes (PT) e João Campos (PSB) se enfrentam. “Se por acaso a Marília ganha, ela traz a mensagem de que o PT precisa se renovar”, avalia Caldas.
Para o professor da UnB, o símbolo mais apropriado para essa troca de guarda é a chapa de Boulos em São Paulo, onde a ex-prefeita Luiza Erundina ocupa o cargo de vice. “Uma geração não vai necessariamente destruir a outra, elas podem conviver. Nesse sentido, a candidatura mostra aliança dessas duas gerações”, explica o professor da UnB.
4. As disputas no interior
Apesar de o foco dos especialistas estar voltado para as principais capitais, há disputas em 39 cidades que não sediam o governo de seus estados. No mapa a seguir, é possível ver onde há segundos turnos ocorrendo neste domingo (29/11). Passe o mouse em cima da localidade para saber quais candidatos ainda estão na corrida eleitoral.
Caso prefira, também é possível consultar a lista completa com todos os candidatos: