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RJ: servidores criticam exoneração de diretora de órgão da Cultura

Diretora do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, Cláudia Márcia Ferreira foi demitida sem motivação aparente, segundo servidores

atualizado

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Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, no Rio de Janeiro (1)
1 de 1 Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, no Rio de Janeiro (1) - Foto: Divulgação

A diretora do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Cláudia Márcia Ferreira, foi exonerada do cargo na sexta-feira (1º/10). A decisão, antecipada pelo jornal O Globo, foi publicada no Diário Oficial da União e confirmada ao Metrópoles por uma servidora, sob a condição de anonimato.

O órgão fica no Catete, zona sul do Rio de Janeiro, e é responsável, por exemplo, pelo Museu do Folclore Edison Carneiro, pela Biblioteca Amadeu Amaral e pela Sala do Artista Popular. Todos os espaços abrigam obras e objetos de culturas populares de todas as regiões do Brasil, ao longo dos séculos XX e XXI.

A demissão é alvo de críticas por parte de entidades ligadas à cultura e ao patrimônio histórico brasileiro, como a Associação Brasileira de Antropologia (ABA). Uma carta em nome do órgão à qual o Metrópoles teve acesso destaca que Cláudia é “experiente e comprometida” e argumenta que há preocupação dos servidores quanto à quebra na continuidade do trabalho exercido pela servidora e sua equipe, reconhecido inclusive internacionalmente.

“Diante da exoneração de sua experiente e comprometida diretora, e da falta de informações sobre os próximos rumos do CNFCP, chamamos atenção para o risco iminente de desmonte de um exitoso trabalho que vem sendo desenvolvido há décadas pela instituição. Apontamos, também, o risco de descontinuidade dos planos de salvaguarda e do apoio necessário aos detentores dos bens registrados como Patrimônio Cultural do Brasil. Lembramos que o Patrimônio Cultural Imaterial compreende uma área sensível, que necessita de profissionais com expertise e formação apropriada, tendo em vista o necessário relacionamento com populações indígenas, quilombolas e segmentos das camadas populares. A ABA alerta para o risco de perda de um trabalho de longa duração, que beneficia diferentes e importantes grupos sociais, cujos conhecimentos tradicionais e práticas culturais são fundamentais para a memória coletiva da sociedade brasileira”, diz o texto.

Em outro documento, assinado por membros do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural em Defesa do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, os servidores reforçam a condução “exemplar” de Cláudia Márcia Ferreira e demonstram “perplexidade” com a demissão, segundo eles, “sem motivação ou justificativa explícitas”.

“Como representantes da sociedade civil, e seus suplentes, junto ao Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do IPHAN, somos movidos a expressar nossa solidariedade e gratidão à diretora exonerada, e nossa preocupação quanto ao futuro dos trabalhos do CNFCP, patrimônio tão arduamente construído e tão valioso para a sociedade brasileira, particularmente para o conhecimento, a preservação e o apoio às expressões de nossa diversidade cultural. É fundamental que esse legado seja mantido íntegro no que diz respeito aos princípios, competências e empenho que sempre pautaram a atuação dessa instituição, mesmo nos momentos mais difíceis de sua trajetória”, registrou o Conselho.

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