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Ritmo do Pai: trap gospel cresce no streaming e paródias ganham TikTok

Cena do trap cristão já têm nomes contratados pela Sony, como Victin e Asaph, e mais rappers independentes que vêm ganhando espaço

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Victin tem 22 anos, nasceu em Teresópolis e mora em Niterói, no Rio de Janeiro
1 de 1 Victin tem 22 anos, nasceu em Teresópolis e mora em Niterói, no Rio de Janeiro - Foto: Divulgação

São Paulo – Hits do trap, subgênero do rap, têm lugar garantido nas músicas mais ouvidas nos streamings e também estão entre as trilhas mais compartilhadas em redes sociais. O sucesso é tanto que uma nova vertente vem ganhando força no país: o trap gospel.

Lançado há cerca de 10 dias, em 10/6, o EP Jesus Invadiu a Cena tem mais 1,5 milhão streams. O sucesso é de Victin, rapper de 22 anos, nascido em Teresópolis e que agora mora em Niterói, no Rio de Janeiro.

“O rap é rima e batida, é a sua verdade em cima de um ritmo, de uma rima. Existem pessoas que vão falar de drogas, de festas, de ostentação e existem pessoas, como eu, que vão falar de Deus, dos princípios do reino”, disse Victin ao Metrópoles.

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Victin

O rapper que frequenta a Igreja Lagoinha Niterói lançou seu primeiro trap cristão em 2021: Prazer Jesus.

Em pouco mais de um ano conquistou um contrato com a Sony e outros números relevantes: oito milhões de views no YouTube, 145 mil ouvintes mensais no Spotify e 425 mil seguidores no Instagram.

Apesar do sucesso, Victin contou que o trap ainda enfrenta algum preconceito e é visto como “pecado” entre os religiosos mais tradicionais.

“Jesus nunca pregou a religião, que é algo que te prende, te enche de regras. Quando você começa a ter intimidade com a vida de Deus, você começa a ver o que é realmente o evangelho e o que é doutrina de homens. A igreja brasileira é recheada de doutrina de homens”, justificou o rapper.

Victin continua: “Por isso que a gente tem um pouco de dificuldade de falar do rap, falar do funk e falar de outros gêneros musicais. Porém é um preconceito que já vem sendo derrubado. O pregador Luo já quebrou isso lá atrás, Thiagão também”.

Asaph

O músico Asaph está feliz por, com a melhora do cenário da pandemia, ter voltado a fazer cerca de dois shows por mês. Nascido no bairro São Leopoldo, na zona sul de São Paulo, mesma região que mora, ele tem se apresentado mais no Rio de Janeiro.

“Nossa música fala sobre Cristo, mas também fala sobre o nosso dia a dia de ‘quebra’ (quebrada), então se comunica com qualquer rolê. Tocamos muito em lugares que não são cristãos, como boates, festas, festivais. E, claro, em igrejas também, porque, querendo ou não, nos comunicamos muito mais com essa galera”, disse Asaph ao Metrópoles.

Filho de pastores e fiel da Assembleia de Deus Promessas, o rapper também é contratado da Sony, tem 4,7 milhões de visualizações no YouTube, 37,3 mil ouvintes mensais no Spotify, seu álbum Antes da Terapia tem mais de 991 mil views.

Sobre a aceitação do trap entre os cristãos, o músico de 27 anos apontou que o racismo e o preconceito contra a periferia atrapalham.

“Depende se você for um mano branco, aparentemente bonito para a sociedade, você pode cantar qualquer parada que a igreja, como instituição, vai aceitar. Mas se você for um moleque preto de quebrada, como eu, o preconceito vai ser letal”, avaliou.

Brunno Ramos

O paulistano Brunno Ramos, 26 anos, é um dos artistas independentes que despontam no trap gospel. Há um ano, ele deixou o trabalho em um mercado para se dedicar exclusivamente a carreira musical. Agora, tem feito um show por semana.

No entanto, Ramos já é rapper desde 2013. Começou a unir a música com a palavra de Deus em 2017 quando lançou O Preço. “O trap foi entrar na minha carreira gospel em 2018 quando eu lancei Todo Poderoso”

Da Igreja Pentecostal Armadura de Deus Cura Divina, o músico acredita que daqui um ou dois anos o trap cristão vai se tornar “pop” assim como o som de Matuê, uma das estrelas do trap brasileiro. Mas por enquanto ele aponta que é preciso ter fé.

“Que as pessoas se afirmem em Cristo e não queiram fazer por grana, porque se entrar para fazer por grana não vai dar muito certo não. A cena está começando, ainda temos uma estrada”, contou Brunno Ramos ao Metrópoles.

Ítalo Costa

Ítalo Costa, 34 anos, foi cantor de pagode por dez anos. Quando se converteu, em 2015, ficou difícil continuar cantando na noite. “Até tentei continuar, mas eram mundos bem distintos: a noite e a igreja. Acabei ficando só na igreja”, disse ao Metrópoles.

O artista começou a compor música gospel no ano passado. Seu lançamento mais recente, O Pai Tá On, é de setembro. “A primeira música que eu compus foi a Nova Rota, é um trap um pouco mais cantado, mas além do trap eu gosto de cantar R&B”, contou.

Ítalo é ministro de louvor da Bola de Neve da Vila Matilde, na zona leste de São Paulo, que por ser uma igreja mais progressista apoia seu trabalho com o trap gospel.

“O alvo é o público jovem, porque a pessoa fala: ‘Me converti, mas gostava de ouvir Racionais, Travis Scott, agora as letras já não batem muito com o que eu estou vivendo’. Entendemos que é a nova geração que vai ter sagacidade para levar o nome de Jesus.”

Paulistano morador do Tatuapé, ele ainda é formado em educação física e dá aulas. “Além da música, a gente usa outros dons”, comentou o artista independente que também faz shows em ambientes que não são apenas de cristãos.

“O que eu quero é não estar apenas no nicho gospel, cristão. É justamente estar em lugares que não têm nada a ver com a igreja. Queremos sair das quatro paredes e proclamar o evangelho, essa é a ideia”, afirmou Costa.

Gutti e Gemão

Os gêmeos Gustavo e Gabriel Lopes são mais conhecidos no TikTok e no YouTube como Gutti e Gemão. Os jovens de 22 anos encontraram nas paródias de músicas “mundanas” e nas dancinhas um caminho para ter reconhecimento para o seu trap gospel.

“Vemos pessoas das igreja que gostariam de fazer a coreografia, mas a letra é mundana. Optamos por colocar uma letra de Deus, a galera gosta porque o ritmo é o mesmo, a dancinha é a mesma, mas a letra é de Deus”, explicou Gutti ao Metrópoles.

@oficialgemao Áudio liberado #trapgospel ♬ som original – Gemão

Morador de Americana, no interior de São Paulo, e fiel da Comunidade da Fé Church, Gemão contou que não esperava viralizar no TikTok.

“Postei e só entrei novamente dois dias depois e tinha quatro mil curtidas, 16 ou 20 mil visualizações. Fiquei impressionado com a repercussão e vi que estava dando certo”, relatou o jovem.

Gutti começou a fazer trap de Deus depois que foi batizado em outubro do ano passado. Ele ainda se divide entre a música e  trabalhar em um oficina mecânica e em uma pizzaria.

Já seu irmão Gemão parou de trabalhar na oficina do pai para se dedicar ao trap gospel. O frequentador da Igreja Quadrangular investiu R$ 8 mil em equipamentos para fazer as gravações. Uma de suas paródias tem mais de 982 mil visualizações.

“Eu quis trazer um negócio legal para a cena gospel, porque muitas pessoas acham entediante a cena gospel, acham que é chata, ‘paia'”, afirmou Gemão ao Metrópoles sobre a letra das paródias.

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