Rio: inspetor duplicou depoimentos de PMs suspeitos de morte de jovem
Agentes são suspeitos de matarem Samuel Vicente e o padrasto dele, Willian da Silva, em Anchieta. Depoimentos apresentaram incoerências
atualizado
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Rio de Janeiro – A Polícia Civil admitiu que duplicou o depoimento de um dos policiais militares envolvidos nas mortes do jovem Samuel Vicente, 17 anos, e do padrasto dele, Willian da Silva, em Anchieta, na zona norte da capital. O caso aconteceu no sábado (25/9) e também vitimou a namorada grávida de Samuel, Camily da Silva Apolinário, 18, que sobreviveu.
A informação foi divulgada pela TV Globo e confirmada ao Metrópoles pela assessoria de imprensa da corporação. O inspetor responsável por colher os depoimentos de Leonardo Soares Carneiro e Edson de Almeida Santana ouviu apenas um agente para “facilitar o trabalho”.
Segundo a polícia, “as versões foram muito parecidas e o policial, de forma equivocada, acabou praticamente replicando o primeiro texto, tendo em vista a questão do factual atribulado”. Em outras palavras, devido ao excesso de trabalho, o policial reproduziu os textos. Os documentos foram invalidados e os PMs prestarão depoimento novamente a partir de “novas provas produzidas”.
Ataque
O ataque a tiros ocorreu na Rua Capri, enquanto Samuel e Willian levavam Camily à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ricardo de Albuquerque, bairro vizinho, após ela passar mal em uma festa. A Polícia Militar afirma que agentes foram “atacados a tiros”, reagiram e encontraram “três suspeitos feridos”.
No entanto, as versões de Leonardo e Edson já apresentavam inconsistências em relação a supostas armas que os ocupantes da moto estariam portando. Segundo a TV Globo, em depoimento, um deles primeiramente disse que Samuel segurava um fuzil e o apontou na direção dos policiais. Depois, foi relatado que, na verdade, ele estaria com uma “arma muito menor”: uma pistola com quatro munições. O caso também é investigado pela Corregedoria da PM.
Sepultamento
Samuel Vicente e Willian da Silva foram enterrados na terça-feira (28/9) em Nilópolis, na Baixada Fluminense. Camily não compareceu ao sepultamento por estar em choque. Ela precisou levar 54 pontos devido aos ferimentos à bala.
Mãe e esposa dos mortos, Sônia Bonfim Vicente afirma que nenhum deles tinha envolvimento com crimes. “Eles estão falando que eles eram bandidos, mas não eram bandidos não. Que eles trocaram tiros. Mas se trocaram tiros, cadê o policial ferido? Não tem. E, se não tem, é porque não teve troca de tiros. Eles atiraram neles”, disse.
O menino estudava em um colégio cívico-militar e sonhava em vestir a farda da Polícia Militar.