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Apesar da chuva, milhares de fiéis homenageiam São Jorge no Rio

Popular entre católicos, ortodoxos, anglicanos e umbandistas, santo guerreiro tem seu dia celebrado em 23/4, feriado municipal no RJ

atualizado

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Tânia Rêgo/Agência Brasil
São Jorge
1 de 1 São Jorge - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Milhares de fiéis visitam desde as primeiras horas da manhã a Igreja de São Jorge, no centro do Rio de Janeiro, para prestar homenagens ao santo. Nem a chuva forte que caiu pela manhã na cidade espantou os devotos. Popular tanto entre os devotos da Igreja Católica quanto entre os seguidores da Umbanda e do Candomblé no Brasil, São Jorge é um dos símbolos do sincretismo religioso no país.

Os devotos de Jorge o consideram um santo guerreiro. Para honrá-lo, costumam se vestir de vermelho e branco tanto em 23 de abril quanto às terças-feiras, o dia do santo para as religiões de matrizes africanas, que o chamam de Ogum.

No Rio de Janeiro, a popularidade do santo é tamanha que, em 2001, a Câmara Municipal tornou o 23 de abril, dia do santo, um feriado municipal. Em 2008, foi a vez da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) tornar o feriado estadual.

As missas deste domingo começaram às 5h. Até as 16h, as celebrações ocorreram de hora em hora, em um palco montado na Avenida Presidente Vargas, próximo à igreja. A última missa, já dentro do templo, está prevista para as 20h. A expectativa da Igreja de São Gonçalo Garcia e São Jorge (nome oficial da paróquia) é de que pelo menos 180 mil pessoas passem pelo local hoje.

Sincretismo
Segundo o capelão do templo, padre Éfren Afonso, São Jorge é, junto com São Sebastião, o santo mais popular entre os cariocas. Para ele, o fato de o santo, que na umbanda é conhecido como Ogum, atrair praticantes de outras religiões só reforça a união entre as pessoas: “A gente tem que entender que Deus é um só e vem para todos. E isso reforça a união entre nós porque haverá um só rebanho e um só pastor”.

Dona Maria José Araújo, de 90 anos, é católica e participa das celebrações a São Jorge há mais de 60 anos. Ela considera importante haver espaço para todas as religiões. “Meu marido, que era baiano, era da umbanda. E eu acompanhava ele [nos cultos]. Todo domingo eu vou à missa, mas quando tem um culto de umbanda, eu assisto”, disse.

Sônia Maria, de 67 anos, aproveitava um batuque em homenagem ao santo, em um bar na esquina próximo à igreja. “Eu sou católica e umbandista. São Jorge é o símbolo dessa união. É o santo guerreiro.”

Na Igreja Matriz de São Jorge, em Quintino, na zona norte do Rio, a movimentação deve ser ainda maior. No ano passado, 500 mil fiéis passaram pelo local no dia do santo.

Acredita-se que São Jorge tenha sido um soldado romano da guarda de Diocleciano. Ele teria se recusado a perseguir cristãos no século IV e acabou morto por causa disso. Sua vida é envolta em lendas, como a de que matou um dragão – daí, e da sua profissão de soldado, vem a alcunha de santo guerreiro. Como ele teria vivido antes da separação das igrejas cristãs, é venerado não só na Igreja Católica, como também na Igreja Anglicana e na Igreja Ortodoxa.

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