Rebelião em GO. Apenas cinco servidores faziam a guarda dos 768 presos

Governo do estado prometeu a contratação de 1,6 mil servidores temporários. Até agora, mortos não foram identificados

Pedro Alves ,
Larissa Rodrigues
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Menos de 24 horas após a rebelião que deixou nove mortos e 14 feridos na Colônia Agroindustrial do Regime Semiaberto, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO), o Governo de Goiás concedeu entrevista coletiva para explicar o massacre. Segundo o superintendente executivo de Administração Penitenciária, tenente-coronel Newton Castilho, no momento do motim, apenas cinco servidores faziam a guarda dos 768 detentos. A recomendação do Ministério da Justiça é de que haja um agente para cada cinco presos, no local havia um para cada 153.

“Isso revela que ainda temos um problema de efetivo, apesar dos esforços do estado”, tentou explicar o oficial. Ainda de acordo com ele, em 2018, pelo menos 1,6 mil servidores temporários serão contratados. Até agora, 153 presos do complexo foram transferidos para outras unidades prisionais de Goiás. Não há informações sobre os líderes da rebelião e os mortos também não foram identificados, até o momento.

Após o motim, durante revista no local, foram encontrados com os detentos, além de armas brancas, uma pistola 9mm e um revólver calibre .38. Os nove presidiários assassinados tiveram os corpos carbonizados, sendo que dois deles acabaram decapitados.

Durante a entrevista, Newton Castilho enumerou medidas que serão adotadas para evitar novos episódios de violência. “Vamos agilizar a parte da burocracia estatal no que tange ao chamamento de vigilantes temporários, acelerar a elaboração de edital de concurso público e tomar medidas para melhorar o efetivo da atividade-fim”, garantiu.

Entenda
Segundo a administração do presídio e familiares dos detentos, tudo começou no início da tarde de segunda-feira (1º/1), quando presos do regime semiaberto, que estavam na ala C, invadiram as alas A, B e D. No meio da confusão, 242 presos aproveitaram para fugir. Desses, 143 foram recapturados pela Polícia Militar. Cerca de 100 fugitivos se entregaram voluntariamente.

Outros 14 detentos foram feridos por armas brancas fabricadas por eles mesmos ou atingidos pelo fogo. Desses, seis seguem internados nos hospitais de Urgências de Goiânia (Hugo) e Aparecida de Goiânia (Huapa). Um se encontra em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

O motivo da rebelião, de acordo com o governo do estado, é a já costumeira guerra entre grupos rivais. No entanto, familiares denunciaram que houve falta d’água no complexo prisional na segunda, o que teria revoltado os detentos. Informações preliminares dão conta de que a invasão dos presos da ala C se deu por meio de um grande buraco aberto na parede.

A rebelião em Aparecida de Goiânia ocorre exatamente um ano depois das chacinas nos presídios de Manaus (AM). Entre 1º e 14 de janeiro de 2017, 123 homens foram mortos de maneira brutal dentro das penitenciárias do estado e também em prisões de Boa Vista (RR) e Natal (RN). Até hoje, no entanto, o estado sequer identificou os restos mortais de alguns envolvidos nos ataques.

Também neste primeiro dia do ano, Goiás registrou inícios de rebeliões em outras duas cidades do estado: Santa Helena e Rio Verde. Durante a entrevista, o superintendente executivo de Administração Penitenciária do estado afirmou que os três fatos não tiveram relação. “Não foi estabelecido nenhum tipo de ligação entre as três rebeliões ocorridas neste início do ano”, completou.

Newton Castilho ainda admitiu a possibilidade de rebelião em outras unidades prisionais de Goiás, inclusive na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães (POG). O local é o principal complexo do estado e para onde a maioria dos detentos de Aparecida de Goiânia foram levados.

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