Queiroga: vacinação de adolescentes foi suspensa por desorganização de estados

Ministro afirmou que secretarias estaduais chegaram a aplicar doses da AstraZeneca, Coronavac e Janssen, o que não é autorizado pela Anvisa

Otávio Augusto ,
Rebeca Borges
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Após o Ministério da Saúde suspender a vacinação contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, em adolescentes entre 12 e 17 anos, sem comorbidades, o chefe da pasta, Marcelo Queiroga, explicou que a desorganização da campanha nos estados motivou a paralisação.

Em declaração à imprensa na sede da pasta, em Brasília, Queiroga afirmou que há casos em que fórmulas da AstraZeneca, Coronavac e Janssen foram aplicadas nesse público.

Neste momento, a vacina da Pfizer é a única aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a faixa entre 12 e 17 anos no Brasil. O laboratório Janssen realiza estudos clínicos destinados a menores de 18 anos no Brasil.

O ministro voltou a pedir que os Executivos locais sigam a recomendação do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

“Falei de maneira reiterada sobre a importância de se observar as recomendações do PNI. Temos um país continental, 26 estados, DF, 5.570 municípios. Precisamos falar o mesmo idioma, a mesma língua, senão não vamos progredir. Se cada um quiser falar uma língua, não vamos nos entender”, frisou.

Inicialmente, o governo federal pretendia vacinar 20 milhões de pessoas desse público. Segundo balanço apresentado por Queiroga, 3,5 milhões de adolescentes foram imunizados. Ao menos 1,5 mil apresentaram efeitos adversos.

Entenda o caso

Em nota técnica enviada às secretarias de Saúde, a pasta informa que “revisou” a recomendação. Como justificativa, o ministério mencionou que a maioria dos adolescentes sem comorbidades acometidos pela Covid-19 demonstra evolução “benigna” e permanece assintomática.

O texto foi publicado no sistema do Ministério da Saúde às 21h30 de quarta-feira (16/9), ou seja, menos de 24 horas após o início da campanha para esse público.

“Os benefícios da vacinação em adolescentes sem comorbidades ainda não estão claramente definidos”, explica no texto a secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite de Melo.

Além disso, segundo a secretária, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomenda a imunização de crianças e adolescentes, com ou sem comorbidades.

Inicialmente, a recomendação da pasta era outra. Em julho, Marcelo Queiroga adiantou que o público participaria da campanha de vacinação.

Veja o documento que cancela a vacinação de adolescentes:

Nota Informativa do Ministério da Saúde sobre vacinação em adolescentes contra a Covid-19 by Metropoles on Scribd

Morte em investigação

Um possível efeito adverso grave à vacina da Pfizer em adolescente de 16 anos no estado de São Paulo está sob investigação. O jovem teria morrido após tomar a primeira dose da vacina.

“Até o momento, não há comprovação de relação da vacina ao óbito de um jovem de São Bernardo do Campo. O Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo está investigando o caso devido à relação temporal com a aplicação da vacina. Qualquer afirmação ainda é precoce e temerária”, informou a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.

A Prefeitura de São Bernardo do Campo informou que o óbito ocorreu no Hospital e Maternidade Vida’s, da cidade de São Paulo.

“Não há, até o momento, qualquer comprovação que relacione a vacinação da adolescente com sua morte”, reforçou. Lá, a vacinação de adolescentes continua.

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