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Pressionado, Ernesto Araújo pede demissão do Itamaraty

Ministro das Relações Exteriores enfureceu Senado com ataques à senadora Kátia Abreu e é responsabilizado por entraves para obter vacinas

atualizado

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Arthur Menescal/Especial Metrópoles
Ministro Ernesto Araújo em seu gabinete no Itamaraty após pedir demissão ao presidente Jair Bolsonaro 2
1 de 1 Ministro Ernesto Araújo em seu gabinete no Itamaraty após pedir demissão ao presidente Jair Bolsonaro 2 - Foto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

O ministro das Relações Exteriores, chanceler Ernesto Araújo, não resistiu às pressões de líderes do Congresso, que reclamavam do desempenho da pasta durante a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, e pediu demissão ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em encontro no fim da manhã desta segunda-feira (29/3).

Após ser duramente criticado pelos embates diplomáticos com a China, e pela incapacidade de conseguir desfecho mais rápido nas negociações para a compra de insumos médico-hospitalares com alguns países, como a Índia, Araújo não conseguiu resistir à cobrança dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Ligado à ala mais ideológica do governo Bolsonaro, o chanceler era ministro desde janeiro de 2019. Os palácios do Planalto e do Itamaraty ainda não se manifestaram sobre o pedido de demissão do chanceler.

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O último imbróglio envolvendo Araújo foi um embate com a senadora Kátia Abreu (PP-TO). Pelas redes sociais, o ministro afirmou, no último domingo (28/3), que, em encontro recente com a senadora, a parlamentar teria preferido falar sobre as negociações em torno do 5G, deixando de lado temas importantes, como as dificuldades diplomáticas enfrentadas com a China e a Índia para a importação dos insumos necessários à produção das vacinas contra Covid-19 no Brasil.

Segundo o diplomata, a parlamentar teria dado a entender que ele seria o “rei do Senado” ao fazer “um gesto em relação ao 5G”. Kátia Abreu negou que esse tenha sido o tom da conversa.

A senadora afirmou que as declarações do ministro das Relações Exteriores “faltam com a verdade”. Pontuou ainda, em nota, que “o Brasil não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal”.

Antes mesmo de pedir para sair, Araújo deu indícios de que entregaria o cargo. Também no domingo, o chanceler agradeceu a todas as pessoas que manifestam apoio a ele e ao trabalho que vinha desempenhado na pasta.

“Agradeço a todos os que têm manifestado apoio a mim e ao meu trabalho”, diz Araújo, citando uma estrofe do Hino da Independência.

Desde a posse, Bolsonaro substituiu 14 ministros. Somente o Ministério da Saúde já teve quatro titulares.

Internamente, já existem nomes cotados pelo presidente Bolsonaro para a troca. A busca seria por um substituto com perfil menos ideológico e que tenha melhor receptividade no meio político.

Na quarta-feira (24/3), durante sessão remota do Senado Federal, parlamentares pressionaram Araújo e cobraram sua saída imediata do cargo. Na avaliação dos senadores, o chanceler estava desgastado para lidar com as questões internacionais relativas ao enfrentamento da pandemia.

Em carta aberta publicada no sábado (27/3), um grupo de mais de 300 diplomatas pediu a saída do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e ainda acusou a atual política externa do Itamaraty de causar “graves prejuízos para as relações internacionais e a imagem do Brasil”.

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