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“Pra todo mundo morrer”: aluna é investigada por ameaça de massacre

Polícia Civil de Goiás ouviu estudante, que deve responder por ato infracional análogo à apologia ao crime, após amedrontar escola pública

atualizado

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Reprodução: PCGO
Aluna posta foto com fuzil dentro de mochila em Aparecida de Goiânia, Goiás
1 de 1 Aluna posta foto com fuzil dentro de mochila em Aparecida de Goiânia, Goiás - Foto: Reprodução: PCGO

Goiânia – Uma adolescente de 17 anos ameaçou realizar um massacre no colégio estadual em que estuda, em Aparecida de Goiânia, região metropolitana, na quinta-feira (17/2), um dia depois de postar, em grupo da escola no WhatsApp, uma foto com fuzil dentro da mochila.

“Tudo pronto pra amanhã”, escreveu a adolescente, na legenda da imagem, na noite de quarta-feira (16/2), no grupo de WhatsApp. “Mais fácil fazer um massacre nessa merda de escola pra todo mundo morrer”, reforçou ela no aplicativo de conversas no celular.

A estudante cursa o segundo ano do ensino médio no Colégio Estadual Dom Pedro I, no centro de Aparecida.

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“Vestida para ir à aula”

Apavorada pela ameaça da aluna, a diretora da escola ligou para a Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (Depai), na manhã de quinta-feira (17/2), dizendo que estava com muito medo de a adolescente provocar o massacre ao chegar à escola, à tarde, período em que estuda.

Titular da Depai de Aparecida de Goiânia, o delegado Rodrigo do Carmo Godinho disse ao Metrópoles que a equipe de policiais foi à casa da adolescente assim que recebeu a informação da escola, mas não a encontrou no local. Em seguida, tentou falar com ela por telefone, mas a estudante não atendeu.

“Conversamos com familiares e descobrimos que ela estava na casa de um namorado. Ao chegar lá, ela já estava vestida para ir para a aula, mas não encontramos nenhum vestígio de arma de fogo [na mochila]”, afirmou o delegado.

“Por brincadeira”

Em seguida, de acordo com Godinho, o namorado dela, de 27, autorizou a equipe de polícia a fazer buscas na casa, onde também não foi encontrado o fuzil.

“Conversando com a adolescente, ela disse que era até coisa comum que acontecia, o que não procede. Depois, ela disse que fez aquilo por brincadeira, e perguntamos se tem rival na escola, mas ela garantiu que não. Foi uma maneira de ela provocar alvoroço”, disse o delegado.

“Foto com fuzil”

De acordo com Godinho, a adolescente disse que encontrou na internet a imagem do fuzil dentro da mochila e a publicou, em seguida, no grupo da escola. No entanto a polícia continua com as investigações para saber se a informação dela é verdade, ou não.

“A gente vai verificar se a arma não existe mesmo. Ela disse que pegou encarte na internet, mas não teve provocação por parte de outras pessoas. Mesmo assim, ela colocou a imagem da foto com fuzil e disse que iria provocar o massacre”, disse o delegado.

De acordo com a Polícia Civil, a estudante entendeu a gravidade de sua atitude. “A investigação busca entender o motivo. A aluna entendeu a gravidade do que ela fez, se desculpou, ficou envergonhada e chegou, em alguns momentos, a até chorar”, ressaltou Godinho.

“Cansaço dos pais”

A adolescente, segundo a investigação, tem relação conflituosa em casa e histórico de brigas na escola. “No caso dela, os pais trabalham, são pessoas simples e já até chamaram o conselho tutelar para acompanhá-la”, ressaltou o delegado.

“Ela é acompanhada pelo Conselho Tutelar, já esteve com psicólogos, mas, pelo que percebi, houve certo cansaço dos pais. Ela fica muito tempo ausente de casa, dorme na casa de amigos, sempre informando à mãe, mas os pais permitem que durma fora de casa”, observou Godinho.

“Mal maior”

O delegado destacou a importância de os pais ficarem mais atentos aos comportamentos dos filhos em casa, assim como, segundo ele, diretores e coordenadores devem observar mais a atitude dos alunos nas escolas.

“A gente não poderia pegar um caso desse e entender que não tem problema porque é apenas uma adolescente. Ela poderia só ir para escola e ser agredida, causar tumulto maior ou ter arma de fogo mesmo e provocar um mal maior”, alertou Godinho.

Depois de ser ouvida na Depai, a adolescente foi liberada e entregue aos pais. Ela deve responder por ato infracional de apologia ao crime. “A partir do momento que fez isso, provocou tumulto na escola de grandes dimensões e incitou a prática de crimes”, explicou o delegado.

“Protocolo de segurança”

Em nota enviada ao Metrópoles, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) informou que acompanha o caso e contribui com a Polícia Civil para as investigações.

“Para além de aguardar que as circunstâncias sejam resolvidas da melhor forma possível pelas autoridades civis e militares, a Secretaria Estadual de Educação informa que o colégio está sendo orientado a executar o Protocolo de Segurança Escolar, documento que norteia as escolas nas questões envolvendo a segurança no ambiente escolar”, diz a nota.

O portal não encontrou contato dos pais da adolescente até o momento em que publicou esta reportagem, mas o espaço segue aberto para manifestações.

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