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“São dias difíceis para quem está administrando o país”, diz Bolsonaro

Governo, que sofre com uma rejeição de 53% da população, tenta encontrar soluções para a crise dos combustíveis e a inflação sobre alimentos

atualizado

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Alan Santos/PR
Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta terça-feira (28/9), durante evento em Alagoas, que “são dias difíceis para quem está administrando o país”. A declaração foi feita durante a cerimônia de entrega de um residencial em Teotônio Vilela, município do interior alagoano. O evento faz parte da semana de comemoração pelos mil dias de governo, completados no início da semana.

“Nesses mil dias do nosso governo, são dias difíceis para quem está administrando o país, mas também temos a felicidade de poder anunciar, para os quatro cantos da nossa pátria, o que nós temos feito ao longo desse tempo todo. E só fazemos porque temos um Parlamento ao nosso lado e temos um povo que reconhece e apoia o trabalho do seu presidente”, declarou aos apoiadores na solenidade.

A fala do presidente ocorre num momento em que sua gestão registra o pior índice de popularidade desde o início do mandato. Os elevados preços dos combustíveis e a inflação sobre os alimentos têm pressionado a popularidade do governo. De acordo com a última pesquisa do Instituto Datafolha, Bolsonaro já atinge 53% de reprovação.

Agenda positiva

Para tentar amenizar a rejeição, o Palácio do Planalto organizou uma série de viagens pelo Brasil para divulgar a agenda positiva do governo. Com o slogan “Mil dias de um governo sério, honesto e trabalhador”, a ideia é propagandear obras entregues na atual gestão e visitar regiões estratégicas para o presidente.

O roteiro de viagens inclui estados da região Nordeste, onde o mandatário tem os piores indicadores de aprovação, Norte, Centro-Oeste e Sul. Entre os ministros escalados para acompanhar as viagens, estão Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), João Roma (Cidadania), Ciro Nogueira (Casa Civil) e Gilson Machado (Turismo).

A agenda de viagens do presidente inclui, ao menos, 27 eventos em todos os estados e no Distrito Federal. Bolsonaro deve participar de pelo menos um evento presencial por região. Nos demais, o chefe do Executivo federal aparecerá de forma remota.

Na manhã desta terça, Bolsonaro inaugurou trechos da duplicação da BR-101 e da BR-116, em Teixeira de Freitas, na Bahia, além de entregar títulos de propriedades rurais.

Na quarta-feira (29/9), em Boa Vista, Roraima, está prevista a inauguração da Usina Termelétrica Jaguatirica II, a concessão de aeroportos do Bloco Norte, além da entrega de veículos do programa Alimenta Brasil.

No dia seguinte, quinta-feira (30/9), Bolsonaro deve visitar uma estação de metrô em Belo Horizonte, Minas Gerais, ao lado do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

Fechando a agenda de viagens, na sexta-feira (1º/10), o mandatário do país deve ir a Anápolis, Goiás, onde assinará um contrato de concessão de três rodovias nacionais, e a Maringá, no Paraná, para participar da ampliação da área operacional do aeroporto da região. O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), deve acompanhar a agenda na cidade paranaense.

Parecer jurídico

De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, a Subchefia de Articulação e Monitoramento da Casa Civil reconheceu que o governo deve ser alvo de “eventuais questionamentos sobre o enquadramento da empreitada como propaganda eleitoral”.

No entanto, a pasta afirmou que as agendas têm o objetivo apenas de informar sobre projetos e políticas públicas do governo federal, promovendo “accountability e transparência”.

Nesse sentido, ainda segundo a reportagem, o Palácio do Planalto preparou um parecer jurídico para se blindar de eventuais acusações de propaganda eleitoral antecipada.

O documento foi elaborado pela Subchefia de Assuntos Jurídicos da Presidência em 16 de setembro. No texto, consta que é preciso “observar a prudência e a cautela” nos eventos, a fim de “afastar possíveis interpretações que conduzam para uma situação de campanha eleitoral antecipada”.

“Portanto, reitera-se, em linha de princípio, sendo efetivamente o escopo descrito nos presentes autos, não se vislumbra óbice de natureza eleitoral [campanha eleitoral antecipada]; porém, ainda assim é de todo recomendável observar a prudência e a cautela em tais eventos, de modo a afastar possíveis interpretações que conduzam para uma situação de campanha eleitoral antecipada”, diz o parecer da SAJ.

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