Revista The Lancet fulmina Bolsonaro: “Maior ameaça ao combate à Covid-19”

Mais respeitada publicação de ciências médicas do mundo diz que o Brasil deve se unir para dar uma resposta clara ao "E daí?" do presidente

Carlos Estênio Brasilino
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A mais antiga – desde 1823 – e renomada revista da área de ciências médicas do mundo, a inglesa The Lancet traz na edição deste fim de semana o editorial “Covid-19 in Brazil: “So what?” (Covid-9 no Brasil: “E daí”). Além de traçar um diagnóstico sobre a situação da pandemia do coronavírus entre os brasileiros, a publicação ainda aponta o que seria “a maior ameaça ao combate à doença no país”: o presidente Jair Bolsonaro.

O título do artigo faz referência à célebre frase de Bolsonaro, que, ao ser confrontado sobre o crescente número de mortes no Brasil, respondeu: “E daí? Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagres”. A revista chega a insinuar que a solução seria o impeachment: “O Brasil como país deve se unir para dar uma resposta clara para o ‘E daí?’ do seu presidente. Ele precisa mudar drasticamente o curso ou deve ser o próximo a ir”.

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Presidente Jair Bolsonaro
Bolsonaro quando sofreu o atentado, em 2018
Presidente e primeira-dama do país, Michelle Bolsonaro, no dia da posse
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Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quinta-feira (07/05), o Brasil tem 125.218 casos confirmados da Covid-9, com 8.536 mortes.

A revista ressalta que a pandemia chegou à América Latina depois que havia atingido outros continentes — 0 primeiro caso registrado no Brasil foi em 25 de fevereiro de 2020.

“Mas, agora, o Brasil tem mais infecções e mortes na América Latina e essas são provavelmente subnotificadas”, diz o editorial. Também é preocupante, ressalta a The Lancet, o fato de a taxa de mortalidade no Brasil dobrar em apenas 5 dias.

Rumo ao interior

Recente estudo do Imperial College de Londres, que analisou a taxa de transmissão ativa da Covid-19 em 48 países, mostrou que o Brasil é onde há a maior taxa de transmissão. Se o epicentro no momento é São Paulo, o artigo afirma que as infecções estão se movendo para o interior, em cidades com estruturas inadequadas de terapia intensiva e sem ventiladores artificiais.

O artigo também ressalta as confusões em torno das demissões de dois ministros populares – Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Sergio Moro (Justiça) em plena crise.

“Tal desordem no coração da administração é uma distração mortal no meio de uma emergência de saúde pública e também é um forte sinal de que a liderança do Brasil perdeu sua bússola moral, se alguma vez teve uma”, critica o texto.

Favelas, informais e indígenas

O editorial ainda fala sobre a situação das favelas brasileiras, com 13 milhões de brasileiros vivendo amontoados e sem acesso a saneamento, e sobre o impacto da Covid-19 entre os trabalhadores informais.

Além disso, afirma que a população indígena tem estado sob grave ameaça antes mesmo da pandemia, “porque o governo tem ignorado ou mesmo incentivado a mineração e extração ilegal de madeira na Amazônia. Esses madeireiros e mineradores agora correm o risco de trazer nova doença para populações remotas”.

Após enumerar as discrepâncias entre o que Bolsonaro prega para o combate à doença e o que a comunidade científica defende, a revista reforça que uma liderança no nível mais alto do governo é crucial para evitar rapidamente o pior resultado dessa pandemia, “como é evidente em outros países”.

Direito à saúde

No estudo de 2009 sobre o Brasil citado na revista The Lancet, os autores concluíram que “o desafio é, em última análise, político, exigindo envolvimento contínuo da sociedade brasileira como um todo para garantir o direito à saúde para todos os brasileiros”.

Leia o editorial na íntegra (em inglês):

The Lancet – COVID-19 in Br… by Carlos Estênio Brasilino on Scribd

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