Randolfe: “Os áudios mostram claramente que o presidente mentiu”
Senador da oposição cobra explicações e se diz “chocado”. Ele espera que Bebianno preste esclarecimentos e não descarta criação de CPI
atualizado
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Após a divulgação de áudios que revelam um bate-boca entre o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno (PSL), o líder da Minoria no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), criticou a postura do chefe do Executivo Federal e pediu que o ex-ministro aceite o convite da Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle (CTFC) para falar sobre a fraude em candidaturas laranja no PSL.
O senador acredita que as informações de Bebianno são fundamentais para a resolução do caso. “Se ele [Bebianno] teve disposição para tornar público os áudios, quero acreditar que ele terá coragem também para vir aqui. Aqui é o melhor palco para ele falar o que sabe da eleição de Bolsonaro e quais foram as formas e como procederam com o financiamento das campanhas do PSL e quais as razões que levaram ele a ter se arrependido”, criticou.
O senador não descarta a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o caso. “É necessária uma investigação mais amiúde e o instrumento é uma CPI. Não descartamos convidar outras pessoas e até pedir uma comissão parlamentar para apurar o uso indevido de recursos públicos”, adiantou.
Randolfe se disse chocado com o conteúdo da conversa. “Os áudios mostram claramente que o presidente da República mentiu. Chama a atenção o grau autoritário com que ele trata a imprensa”, avaliou.
No Twitter, Randolfe saiu na defesa da liberdade de expressão. “A imprensa não pode ser tratada como ‘inimiga’ e nem como ‘amiga’ dos que se acham ‘donos do poder’: ela presta um serviço fundamental e insubstituível à democracia. Lamentável o presidente mentir descaradamente e atacar a imprensa”, escreveu.
Entenda o caso
O desvio de dinheiro público que levou à queda de Gustavo Bebianno teria ocorrido em pelo menos dois casos. O grupo do presidente do PSL, Luciano Bivar, teria criado candidaturas laranja em Pernambuco para repassar verbas públicas a outros candidatos. Além de Bebianno, uma das candidatas acusa o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, de fomentar a fraude.
Maria de Lourdes Paixão, de 68 anos, recebeu R$ 400 mil do fundo partidário. Apesar de ser a terceira candidata que mais recebeu apoio financeiro, ela angariou apenas 274 votos e não se elegeu. O dinheiro, segundo o jornal Folha de S. Paulo, foi enviado pela direção nacional da sigla quatro dias antes da eleição.
Em Minas Gerais, o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, teria desviado R$ 279 mil para quatro candidaturas que conseguiram poucos votos: Lilian Bernardino, Mila Fernandes, Débora Gomes e Naftali Tamar. Desse valor, R$ 85 mil foram pagos a empresas de assessores, parentes ou sócios de assessores do hoje ministro de Bolsonaro.