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Odebrecht pediu intervenção da equipe Dilma para liberar presos

Marcelo Odebrecht diz que chegou a alertar assessores próximos da então presidente sobre os riscos das delações dos executivos da OAS e UTC

atualizado

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CICERO RODRIGUES/ WORLD ECONOMIC FORUM
World Economic Forum on Latin America 2009
1 de 1 World Economic Forum on Latin America 2009 - Foto: CICERO RODRIGUES/ WORLD ECONOMIC FORUM

Ex-presidente de uma das maiores empreiteiras do país, Marcelo Odebrecht admitiu ao Ministério Público Federal (MPF) que tentou interferir pessoalmente junto ao Planalto nos desdobramentos da operação Lava Jato. Em seu depoimento aos procuradores responsáveis pelo caso, ele afirmou ter procurado pessoas próximas da então presidente da República, Dilma Rousseff, com o objetivo de convencê-la a agir pela liberação dos executivos das empresas OAS e UTC, presos pela Polícia Federal no âmbito da operação.

A delação de Marcelo Odebrecht teve o sigilo quebrado semana passada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin. O executivo revelou ao Ministério Público que procurou o então assessor especial de Dilma Rousseff Giles Azevedo, além de Sigmaringa Seixas, ex-conselheiro da seção DF da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF), ex-deputado federal e conselheiro informal da ex-presidente da República.

Queria ajuda do Planalto para libertar os amigos executivos, e evitar que eles firmassem acordo de delação premiada com o Ministério Público.

“Teve uma questão logo no início que a gente procurou o Giles e Sigmaringa Seixas para alertar eles (sic): ‘Olha, o pessoal da OAS e UTC está preso, se vocês não encontrarem uma maneira de ajudar na libertação deles, os caras vão acabar fazendo delação”, contou Marcelo Odebrecht aos procuradores. A reunião teria ocorrido em 17 de novembro de 2014 no escritório Sigmaringa, em Brasília. Mas, segundo Odebrecht, sua tentativa não surtiu efeito.

Veja trecho da delação do ex-presidente da empreiteira: 

Defesa
A informação foi divulgada pelo Jornal da Globo, da TV Globo. Procurado pela reportagem, Giles Azevedo informou que “nunca” tratou do assunto com o ex-presidente da Odebrecht, assim como Sigmaringa Seixas.

Sigmaringa é personagem conhecido da cena política do DF. Advogado, presidiu a OAB-DF e cumpriu dois mandatos consecutivos de deputado federal, tendo feito parte da Assembleia Constituinte de 1988.

Derrotado ao tentar um mandato de senador pelo Distrito Federal em 1994, filiou-se ao PT e foi candidato a vice-governador na chapa do ex-governador e atual senador Cristovam Buarque em 1998, que tentou, sem sucesso, a reeleição. Sigmaringa sempre esteve próximo do governo dos petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, atuando de forma discreta, nos bastidores.

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