Em 2018, o então presidente eleito Jair Bolsonaro (então no PSL, hoje no PL) escalou nove dos 36 integrantes da equipe de transição para ministérios. À época, Bolsonaro não indicou os 50 nomes que a lei permite para o governo eleito. Enquanto isso, em 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue há 20 dias após a eleição sem anunciar nenhum ministro.
Há quatro anos, o coordenador do gabinete de transição de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil. Em seguida, o “coringa” de Bolsonaro passou por outras três pastas: Cidadania, Secretaria-Geral e Trabalho e Previdência.
Neste ano, Lula já indicou que o vice Geraldo Alckmin (PSB), que coordena a transição, não será ministro. “Fiz questão de colocar o Alckmin como coordenador [da transição] para que ninguém pensasse que o coordenador vai ser ministro. Ele não disputa vaga de ministro porque é o vice-presidente da República”, disse o petista no último dia 10.
Bolsonaro tinha Paulo Guedes como indicado para o comando do superministério da Economia desde a campanha. Ele foi confirmado já em 28 de outubro, no dia da eleição que sagrou Bolsonaro vencedor. Guedes, à época, apelidado de “Posto Ipiranga”, comandavava a área econômica da transição.
O então deputado federal também confirmou os seguintes nomes para a Esplanada logo após ser eleito presidente: Onyx Lorenzoni, Marcos Pontes e Augusto Heleno.
Veja os integrantes da transição de Bolsonaro que viraram ministros:

Onyx Lorenzoni ocupou quatro ministérios no governo Bolsonaro: Casa Civil, Cidadania, Secretaria-Geral e Trabalho e PrevidênciaRafaela Felicciano/Metrópoles

Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, é braço direito de BolsonaroIgo Estrela/Metrópoles

Apelidado de “Posto Ipiranga”, Paulo Guedes foi ministro da Economia durante os últimos quatro anosGustavo Moreno/Metrópoles

Homem forte da campanha de 2018, Gustavo Bebianno foi ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência por pouco mais de um mês, no início de 2019. Ele deixou o governo após desentendimentos com Carlos Bolsonaro. Em março de 2020, faleceu em decorrência de um infartoJosé Cruz/Agência Brasil

Matheus Veloso/Metrópoles

O colombiano naturalizado brasileiro Ricardo Vélez Rodríguez foi ministro da Educação por pouco mais de três mesesRafael Carvalho/Governo de transição

A advogada e pastora evangélica Damares Alves foi indicada, em dezembro de 2018, para o cargo de ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. No Senado, ela assessorou o aliado de Bolsonaro Magno MaltaIgo Estrela/Metrópoles

O tenente-coronel Marcos Pontes, conhecido por ser o primeiro astronauta brasileiro, foi ministro da Ciência, Tecnologia e InovaçõesIgo Estrela/Metrópoles

O general Fernando Azevedo e Silva foi a escolha de Bolsonaro para o Ministério da DefesaAndre Borges/Especial Metrópoles
Lula tem segurado os nomes de seus futuros ministros. A equipe de transição ainda trabalha para acomodar antigos e novos aliados nos 31 grupos técnicos de trabalho (GTs) que funcionarão até 31 de dezembro na sede do Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em Brasília (DF). Entre nomeados com remuneração e voluntários, o comitê já soma mais de 300 pessoas.
Alguns, como o senador eleito Flávio Dino (PSB-MA), já atuam como ministros informais, apesar de pendências. No caso de Dino, cotado para ministro da Justiça e Segurança Pública, há disputas internas porque alguns juristas e advogados que também fazem parte do grupo temático que ele coordena defendem a separação das pastas. Dino, por sua vez, defende que o ministério não seja desmembrado.
No caso da Fazenda, por exemplo, ministério que será recriado, a indefinição tem irritado agentes do mercado financeiro, que cobram por diretrizes mais claras para a política econômica do terceiro governo Lula.
Em 2002, quando se iniciou o processo de transição para o primeiro governo petista, também houve demora nos anúncios. Os primeiros nomes revelados foram os de Antonio Palocci, na Fazenda, e Marina Silva, no Meio Ambiente, em 10 de dezembro de 2002. As primeiras indicações saíram, portanto, mais de 40 dias após a vitória nas urnas.
Ministeriáveis fora da transição
Alguns nomes são candidatos a ministros, mas não integram oficialmente a transição. Um deles é o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), cotado para a Fazenda ou Planejamento, que não tem atuado na capital federal.
Já o nome da governadora do Ceará Izolda Cela (sem partido) é citado para a pasta da Educação, mas, por ainda estar em exercício do cargo, ela não participa da equipe. Seu marido, Veveu Arruda, está justamente no GT de Educação. O governador da Bahia, Rui Costa (PT), também é citado para a Fazenda, o Planejamento, a Casa Civil ou ainda para a Petrobras, mas não está participando formalmente da transição.
A seguir, confira os ministeriáveis de Lula que compõem a equipe de transição de Lula:
- Carlos Fávaro – senador – cotado para Agricultura, Pecuária e Abastecimento
- Neri Geller – ex-ministro da Agricultura – cotado para Agricultura, Pecuária e Abastecimento
- Simone Tebet – senadora – cotada para Cidadania, Ciência e Tecnologia ou Meio Ambiente
- Tereza Campello – economista – cotada para Assistência Social/Desenvolvimento Social e Combate à Fome
- Márcio França – ex-governador de São Paulo – cotado para Cidades
- Aloizio Mercadante – ex-ministro da Educação – cotado para Secretaria-Geral da Presidência
- Juca Ferreira – ex-ministro da Cultura – cotado para Cultura
- Miguel Rossetto – ex-ministro do Desenvolvimento Agrário – cotado para Desenvolvimento Agrário
- Camilo Santana – ex-governador do Ceará – cotado para Desenvolvimento Regional ou Educação
- Maria do Rosário – deputada federal – cotada para Direitos Humanos
- Silvio Almeida – advogado e filósofo – cotado para Direitos Humanos
- André Lara Resende – ex-presidente do BNDES no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e um dos criadores do Plano Real – cotado para Planejamento
- Nelson Barbosa – ex-ministro do Planejamento da Fazenda no governo Dilma Rousseff – cotado para Planejamento
- Edinho Silva – prefeito de Araraquara – cotado para Esporte
- Raí Souza Vieira de Oliveira – tetracampeão Mundial (1994) e Brasileiro de futebol – cotado para Esporte
- Nilma Mino Gomes – ex-ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos – cotada para Igualdade Racial
- Douglas Belchior – professor e integrante da Uneafro Brasil – cotado para Igualdade Racial
- Miriam Belchior – ex-ministra do Planejamento – cotada para Infraestrutura
- Flávio Dino – senador – cotado para Justiça e Segurança Pública
- Marcelo Freixo – deputado federal – cotado para Segurança Pública
- Marco Aurélio Carvalho – advogado especializado em direito público
- Pierpaolo Cruz Bottini – professor de Direito Penal da USP
- Marina Silva – deputada federal eleita e ex-ministra – cotada para Meio Ambiente ou autoridade do clima (posto a ser criado)
- Randolfe Rodrigues – senador – cotado para Meio Ambiente
- Joenia Wapichana – advogada e deputada federal – cotada para Povos Originários
- Sônia Guajajara – deputada federal – cotada para Povos Originários
- Aloysio Nunes Ferreira – advogado – cotado para Relações Exteriores
- Alexandre Padilha – médico e deputado federal – cotado para Saúde e Secretaria de Relações Institucionais/Governo ou Fazenda
- Roberto Kalil Filho – médico – cotado para Saúde
- Jorge Messias – procurador da Fazenda Nacional – cotado para Advocacia-Geral da União
- Marta Suplicy – ex-prefeita de São Paulo – cotado para Turismo

A senadora Simone Tebet (MDB-MS)Rafaela Felicciano/Metrópoles

Flávio Dino, cotado para o Ministério da JustiçaVinícius Schmidt/Metrópoles

Marina Silva (Rede) deve ir para o Meio AmbienteFábio Vieira/Metrópoles

Edinho Silva (PT), prefeito de Araraquara, foi um dos coordenadores da campanha de LulaElza Fiúza/Agência Brasil

Alexandre Padilha (PT), ex-ministroWilson Dias/Agência Brasil

Sonia Guajajara (PSol-SP), atual ministra dos Povos IndígenasReprodução/Redes sociais

Deputada eleita Célia Xakriabá (PSol-MG)Instagram/Reprodução

Deputado federal Marcelo FreixoJP Rodrigues/Metrópoles

Senador Carlos Fávaro (PSD-MT) é ministro da Agricultura de LulaEdilson Rodrigues/Agência Senado

Neri Geller, deputado federal do PP do Mato GrossoDivulgação/Câmara dos Deputados

Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à FomeValter Campanato/Agência Brasil

Ministro de Lula, Márcio França compareceu a lançamento de livro de Gilmar MendesFábio Vieira/Especial Metrópoles

Economista Pérsio AridaDivulgação/World Economic Forum

Juca Ferreira (ex-ministro da Cultura no governo Lula): "Quero ver como ela vai fazer sem o (autor) Dias Gomes para lhe escrever as falas"Antonio Cruz/Agência Brasil

Miguel Rossetto, ex-ministro da Secretaria-Geral da PresidênciaMarcelo Camargo/ Agência Brasil

Douglas Belchior é ativistaFacebook/Reprodução

Ex-ministra Miriam Belchior foi nomeada secretária-executiva da Casa Civil no governo Lula 3Valter Campanato/ Agência Brasil

Advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Grupo PrerrogativasDivulgação

Marta Suplicy foi uma das poucas candidatas mulheres, em 1998. Ficou em terceiro lugarMarcelo Camargo/Agência Brasil

Nilma Lino Gomes foi ministra no Governo Dilma RousseffUFMG/Divulgação

Pierpaolo Bottini, professor e juristaDivulgação

Médico cardiologista Roberto Kalil FilhoFacebook/Reprodução

Advogado Jorge Messias fez parte do governo Dilma Rousseff (PT)Acervo pessoal/Reprodução