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“Não mostrou sensibilidade”, diz mulher que cobrou de Bolsonaro expansão da DPU

Presidente rebateu na 3ª feira (18/8) a servidora Adriane Oliveira, que pedia a nomeação de concursados da DPU e a interiorização do órgão

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Presidente Jair Messias Bolsonaro cumprimenta apoiadores e fala com a imprensa
1 de 1 Presidente Jair Messias Bolsonaro cumprimenta apoiadores e fala com a imprensa - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Na última terça-feira (18/8), a servidora pública Adriane Oliveira, de 34 anos, recebeu uma resposta um tanto atravessada do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), ao cobrar nomeações para a Defensoria Pública da União (DPU).

“Bolsonaro, o que você acha de levar a DPU pro interior do Brasil?”, questionou a mulher. “Eu não vou responder pra você, tá ok?! Não vou responder a uma pergunta complexa de forma tão rápida assim”, disse o presidente, no Palácio da Alvorada, em Brasília.

Adriane insistiu e apresentou problemas orçamentários do órgão. Ela é representante de um grupo de aprovados em um concurso da DPU em 2018. “Olha, por falar em orçamento, tá uma briga por orçamento enorme, cada vez mais diminui o montante”, rebateu Bolsonaro.

Nesse dia, Bolsonaro partiu para Corumbá (MS), onde participou da inauguração da Estação Radar. Nesta sexta-feira (21/8), Adriane vai voltar para Campina Grande (PB), onde mora. Ela estava visitando a capital federal quando resolveu falar com o presidente.

“Achei que ele [Bolsonaro] não mostrou sensibilidade com a questão, talvez por não ter conhecimento”, disse a servidora, contida, em conversa com o Metrópoles nessa quinta-feira (20/8), ao destacar ser “desvinculada de qualquer lado político” e que não é apoiadora do presidente.

Apesar de achar que o presidente mostrou uma certa insensibilidade, Adriane afirma que vai continuar na labuta junto ao grupo de aprovados – cerca de 90 pessoas – no concurso da DPU para que o presidente tome conhecimento da causa e aprove as nomeações.

Ela cita como exemplo concursados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que conseguiram falar, também no Palácio da Alvorada, diretamente com o presidente e com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para que fossem nomeados mais de 600 aprovados.

Na ocasião, uma mulher discursou para o presidente, que logo se mostrou favorável à causa dos policiais e chamou o ministro da Economia para comentar o assunto. “Como é que vai resistir a um pedido desses?”, disse Paulo Guedes, após ouvir uma mulher falar.

“A gente tem esperanças de que a nossa situação seja resolvida, tendo acontecido 600 nomeações da PRF de uma única vez neste ano, já durante o período de pandemia, e também houve mais de 1 mil nomeações na PF [Polícia Federal] ano passado”, comparou Adriane.

Ela diz ser necessário expor o grande déficit da Defensoria Pública da União no país, “sobretudo quando comparado a outras carreiras do sistema de Justiça”. Hoje, a DPU está presente, além de nas 27 capitais, em apenas 43 cidades do interior.

O Metrópoles revelou como os defensores públicos estão com as demandas sobrecarregadas em meio aos milhares de indeferimentos do auxílio emergencial de R$ 600, a ponto de o governo federal indicar a contratação de advogado particular para contestar o benefício negado.

“Digo que não fiquei chateada porque eu acho que realmente ele não tinha os elementos no momento para responder aos meus questionamentos. Uma segunda vez que o grupo resolver ir lá, em que já haver um conhecimento maior, aí pode ser que ele nos ajude”, comenta Adriane.

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