Judeus criticam Ernesto por analogia com campos de concentração
Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, foi cobrado ainda a pedir desculpas pela comparação considerada “ofensiva”
atualizado
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O Comitê Judaico Americano (AJC) criticou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, que comparou medidas de distanciamento social, impostas pela pandemia do novo coronavírus, a campos de concentração nazistas – usados para exterminar judeus e inimigos do regime de Adolf Hitler.
A fala de Ernesto Araújo foi considerada “profundamente ofensiva” e “totalmente inapropriada” pelo comitê dos Estados Unidos.
A entidade, que faz parte da principal organização do mundo de defesa dos judeus, exigiu ainda desculpas por parte do chanceler brasileiro.
“Essa analogia usada por Ernesto Araujo ao comparar medidas de distanciamento social com campos de concentração nazistas é profundamente ofensiva e totalmente inapropriada”, escreveu a AJC.
“Ele deve se desculpar imediatamente”, complementou o comitê judaico. A mensagem foi publicada nesta quarta-feira (29/04) em uma rede social. Veja, a seguir, o texto original:
This analogy used by Ernesto Araujo (@ernestofaraujo), Brazil’s foreign minister, comparing social distancing measures to Nazi concentration camps is both deeply offensive and entirely inappropriate.
He should apologize immediately.https://t.co/i7KpUhhq50
— American Jewish Committee (@AJCGlobal) April 28, 2020
A comparação apresentada pelo ministro do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi publicada no blog Metapolítica 17, onde o próprio chanceler escreve textos sobre as suas ideias e também aquelas do professor de filosofia on-line Olavo de Carvalho.
No texto, divulgado no último dia 22, Araújo comenta uma afirmação do filósofo esloveno Slavoj Zizek. O pensador europeu diz que os nazistas fizeram um “péssimo uso” do lema “o trabalho liberta”.
O chanceler brasileiro escreveu: “Os comunistas não repetirão o erro dos nazistas e desta vez farão o uso correto. Como? Talvez convencendo as pessoas de que é pelo seu próprio bem que elas estarão presas nesse campo de concentração, desprovidas de dignidade e liberdade.”
“Ocorre-me propor uma definição: o nazista é um comunista que não se deu ao trabalho de enganar as suas vítimas”, completou Araújo.