“Jamais tomei consciência de um gabinete paralelo”, diz Wizard à CPI

Após a apresentação inicial de 15 minutos, empresário disse que permaneceria em silêncio, com base no habeas corpus concedido pelo STF

Marcelo Montanini ,
Victor Fuzeira
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Em tom de pregação religiosa, o empresário Carlos Wizard afirmou na sessão desta quarta-feira (30/6) da CPI da Covid que desconhece qualquer “ministério paralelo” de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia do novo coronavírus.

“A minha disposição de servir o país combate a pandemia e salvar vidas faz com que eu seja acusado de pertencer ao suposto gabinete paralelo. Afirmo com toda veemência que jamais tomei consciência de um governo paralelo. Se, porventura, este gabinete existiu, eu jamais tomei conhecimento ou tenho qualquer informação a este respeito”, declarou Wizard.

“Digo mais: jamais fui convidado, abordado ou convocado para participar de qualquer gabinete paralelo. E essa é a mais pura expressão da verdade”, acrescentou.

O empresário disse também que não participou da oitiva, marcada no último dia 17 de junho, porque estava cuidando dos pais nos Estados Unidos. Wizard afirmou também que conheceu o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, em Roraima, durante a Operação Acolhida.

Wizard relatou suas experiências missionárias e citou passagens bíblicas, como Mateus, 25: “Eu tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver; eu estava na prisão, e me visitaste; eu estava estrangeiro, e me acolheste”.

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Empresário Carlos Wizard na CPI da Covid
Carlos Wizard na CPI da Covid
Empresário Carlos Wizard na CPI da Covid
Empresário Carlos Wizard na CPI da Covid
Presidente da CPI da Covid, Omar Aziz
Carlos Wizard na CPI da Covid
O empresário já depôs ao colegiado
Wizard atuou informalmente no Ministério da Saúde
Carlos Wizard na CPI da Covid
Carlos Wizard na CPI da Covid

Imunização de rebanho

Wizard negou qualquer participação na defesa da tese de imunidade de rebanho, defendido pelo “ministério paralelo”, em detrimento da vacinação. “A imunização de rebanho é outro tema que escapam aos domínios dos meus domínios. Sou empresário, não sou versado em medicina”, afirmou ele.

A tese consiste em deixar a população se contaminar livremente para supostamente adquirir a imunidade.

Wizard admitiu que, o tratamento precoce – com droga sem comprovação de eficácia para o tratamento da Covid-19 –, o qual defendeu, não possui apoio da ciência e defende a vacinação.

“Com o passar do tempo e o aprofundamento dos estudos, novos entendimentos se estabeleceram. Atualmente, há posição contrária ao tratamento preconizada no passado. A despeito da conduta médica adotada, a ciência comprova que a vacinação é o elemento essencial para o controle da pandemia”, disse.

O empresário, todavia, destacou que o Conselho Federal de Medicina (CFM) emitiu nota defendendo a autonomia médica.

Silêncio

Após a apresentação inicial, de 15 minutos, o empresário disse que não responderia qualquer pergunta. O habeas corpus concedido pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), permite que Wizard fique em silêncio em questões que possam o incriminar.

“Respeitosamente, senador, pela orientação dos meus advogados eu me reservo o direito de ficar em silêncio”, disse ao relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), que continuou fazendo as indagações.

Os senadores queriam saber sobre a participação do empresário no “ministério paralelo” de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia da Covid-19 e sobre as negociações de aquisição de vacinas.

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