“Ficou insustentável”, diz auxiliar de Mandetta sobre demissão
Para ele, o isolamento palaciano e o “desprezo” de Bolsonaro às recomendações do ministro — como evitar aglomerações — acentuaram a crise
atualizado
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“Ficou insustentável. Não dava mais”. A frase curta de um dos interlocutores mais próximos do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, dá o tom que a pasta enfrenta nesta quarta-feira (15/04).
Mandetta está na iminência de ser demitido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após uma sequência de rusgas que se arrastam há 15 dias.
Com a condição de não ter o nome divulgado, uma das pessoas mais próximas de Mandetta deu detalhes de como foram os últimos dias do ministro.
“Ele ficou cansado [da situação]. Tentou amenizar de forma técnica, política, mas os embates ficaram recorrentes”, lamentou.
Para ele, o isolamento palaciano e o “desprezo” de Bolsonaro às recomendações de Mandetta — como evitar aglomerações — acentuaram a crise. “Acaba sendo um tipo de desautorização”, pontua.
Mesmo nos momentos mais difíceis, na semana passada Mandetta quase acabou demitido, o chefe da Saúde não esmoreceu e manteve a promessa de não pedir para sair.
“Ele tinha a certeza que seria exonerado quando o presidente disse que ‘paciente troca de médico’”, afirmou. A frase é uma alusão ao posicionamento de Mandetta de que “o médico não abandona o paciente”.
O movimento de saída já começou. O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, pediu demissão na manhã desta quarta-feira. Ele era um dos principais auxiliares do ministro Luiz Henrique Mandetta.
O isolamento social e o uso da cloroquina no tratamento criaram um clima de tensão entre Mandetta e Bolsonaro. Mas foi o tom politizado das ações do ministro que degringolou a relação.
Na semana passada, ele foi segurado pelo quarteto de ministros militares que auxiliam Bolsonaro.
A mais recente crise foi uma entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, em que Mandetta afirmou que “o brasileiro não sabe se escuta o ministro da Saúde ou o presidente”, se referindo aos discursos e comportamentos distintos entre os dois.