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Ex-deputado diz a Moro que quer devolver propina e refazer a vida

André Vargas foi um dos primeiros políticos flagrados na Lava-Jato. Nas escutas, foi pego combinando uma viagem num jatinho pago por Youssef

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Imagem colorida mostra ex-deputado federal André Vargas. Ele recorreu ao STF contra condenação por Moro - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra ex-deputado federal André Vargas. Ele recorreu ao STF contra condenação por Moro - Metrópoles - Foto: Reprodução

Duas vezes condenado na Operação Lava-Jato e alvo de uma terceira ação penal, o ex-deputado André Vargas disse ao juiz Sergio Moro, durante interrogatório nesta sexta-feira (1º/12), que pretende devolver o dinheiro de propina e refazer sua vida. Vargas foi condenado a 13 anos e 10 meses de prisão por ter recebido cerca de R$ 1 milhão em vantagem indevida pela contratação da agência de publicidade Borghi & Lowe em licitações federais. A informação é do jornal O Globo.

O ex-deputado também recebeu pena de 4 anos e seis meses por lavagem de R$ 480 mil na compra de uma casa. Ele também foi acusado pelo Ministério Público Federal de ter recebido valores também na contratação da empresa de informática IT7 pela Caixa Econômica Federal. Vargas nega ter influenciado a decisão da Caixa.

“Eu vou fazer a devolução, quero refazer minha vida”, disse Vargas ao juiz. “Só fiz politica, não fiz patrimônio. Não tenho evolução patrimonial a descoberto — afirmou, dizendo não ter sido um deputado que ficava “mercadejando”.

De acordo com a reportagem, o irmão de André Vargas, Léon Vargas, também foi condenado na Lava-Jato e foi acusado de servir como ponte para propinas repassadas pelo doleiro Alberto Youssef. No depoimento a Moro, Vargas disse que não sabia dos negócios do irmão com Youssef, a quem conhecia há mais de 20 anos.

Vargas e Youssef nasceram em Londrina, no Paraná. Segundo o ex-deputado, quando os dois se conheceram o doleiro ainda “vendia coxinhas no aeroclube” da cidade e ele trabalhava numa empresa de material de construção, cujo dono tinha um avião.

Vargas foi um dos primeiros políticos flagrados na Lava-Jato. Nas escutas, foi pego combinando uma viagem de férias num jatinho pago pelo doleiro.

Segundo o texto, em delação premiada, o Youssef disse ter entregado R$ 1,62 milhão em dinheiro no apartamento funcional de Vargas em Brasília. O recebedor teria sido o irmão dele, Léon Vargas, também réu na ação. A contadora do doleiro, Meire Pozza, confirmou ter emitido notas fiscais frias para pagar propina aos irmãos Vargas.

André Vargas negou as acusações e diz que Youssef mentiu. Alegou que não influenciou na contratação da empresa IT7, pois seu relacionamento com funcionários da Caixa e do Banco do Brasil era apenas de base política.

O ex-deputado já teve a condenação de 13 anos confirmada em segunda instância. Ele está preso preventivamente desde abril de 2015 e, em breve, deve começar a cumprir a pena confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). Em nenhum momento Vargas havia admitido que recebeu a propina ou que tenha usado dinheiro ilícito na compra de sua casa em Londrina.

O globo afirma que, nesta semana, a defesa de Vargas chegou a pedir a Moro que marcasse outra data para o interrogatório, já que o ex-deputado recebe unicamente às sextas-feiras à tarde a visita da mulher e dos filhos. O juiz negou o pedido e disse que não caberia ao juízo ajustar-se às conveniências do acusado.

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