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Entidade acusa governo de não priorizar desenvolvimento sustentável

De acordo com representantes do grupo de trabalho da sociedade civil para a Agenda 2030, a atual gestão descumpriu metas

atualizado

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Thayná Schuquel/Metrópoles
coletiva GT 2030
1 de 1 coletiva GT 2030 - Foto: Thayná Schuquel/Metrópoles

Representantes do grupo de trabalho da sociedade civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030) realizaram nesta segunda-feira (27/05) uma reunião extraordinária para “articular estratégias de enfrentamento às políticas do governo” de Jair Bolsonaro (PSL). De acordo com a entidade, uma coalização formada por mais de 40 organizações não governamentais, movimentos sociais, fóruns e fundações brasileiras, o Executivo federal tem descumprido as metas de desenvolvimento sustentável no país e o Congresso Nacional deve voltar sua atenção para o tema.

O evento, realizado um dia após as mobilizações a favor do presidente da República, discute os compromissos que precisam ser assumidos pela atual gestão. “É com a Agenda 2030 sendo completamente rasgada que montamos uma pauta de ação e intervenção política para Brasília”, explica Alessandra Nilo, coordenadora-geral da ONG Gestos e co-facilitadora do grupo.

“O Brasil anualmente precisa apresentar uma espécie de prestação de contas. Todo ano o país entrega um relatório do que ele conseguiu avançar. O que a gente estranhou foi que o governo retirou a apresentação no meio do ano. O documento legitima a participação do Brasil na comunidade internacional”, informou o representante da ActionAid, Francisco Menezes.

No encontro foram discutidos os detalhes para finalização da edição 2019 do Relatório Luz, publicação que analisa a implementação da Agenda 2030 no Brasil a partir de dados oficiais e evidências. O documento não foi concluído até agora, segundo Menezes, porque o governo não apresentou o levantamento deste ano.

Frente parlamentar
A reunião antecede a audiência pública marcada para esta terça-feira (28/05/2019) na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados. De acordo com Alessandra Nilo, o grupo denunciará “o desmonte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no Brasil”. “Os parlamentares serão pressionados pela recriação da Frente Parlamentar Mista de Apoio aos ODS, que conta atualmente com cerca de 90 assinaturas”, disse.

“Vamos cobrar do Parlamento a implantação dessa agenda. Isso é necessário, principalmente quando a gente tem um governo que não consegue resolver os problemas. Todos os assuntos importantes para a população estão dentro dessa iniciativa”, argumentou Alessandra Nilo.

“Lógica antidemocrática”
De acordo com o representante da Universidade de Brasília (UnB), professor Thiago Gehre, a atual gestão impediu que a população participe de debates sobre políticas públicas.

“Há muitos fatos negativos. É uma sinalização de lógica antidemocrática. O Brasil tem uma tradição da população participar desses debates, mas não é a tônica desse governo”, lamentou Gehre.

Para ele, a falta de participação ativa da sociedade fere a imagem internacional do Brasil. “Precisamos apresentar os dados efetivos porque a ONU recebe esses números e faz o relatório global”, declarou o professor.

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