Em meio à crise do coronavírus, Bolsonaro prioriza ala militar

Ao todo, presidente Jair Bolsonaro teve 132 reuniões com ministros palacianos. Com ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foram apenas 6

Mayara da Paz
Compartilhar notícia

Durante a crise do novo coronavírus no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) optou por priorizar encontros com a ala militar que compõe o primeiro escalão do governo. É o que mostra um levantamento feito pelo Metrópoles baseado na agenda de compromissos presidenciais.

A pesquisa teve como base compromissos divulgados na agenda oficial do chefe do Executivo desde o dia 26 de fevereiro deste ano – quando foi registrado o primeiro caso de Covid-19, doença causa pelo novo coronavírus, no país – até a última quarta-feira (01/04).

De acordo com o levantamento, Bolsonaro teve 132 encontros, privados ou coletivos, com ministros militares que despacham do Palácio do Planalto.

O ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, lidera a lista com 53 encontros com o presidente. Em seguida, aparecem os ministros Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), com 31 reuniões, general Braga Netto (Casa Civil), com 29, e general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), com 19 encontros.

O ministro do GSI chegou a ficar mais de 10 dias afastado da Presidência, após testar positivo para o novo coronavírus. Heleno viajou com o presidente para Miami, nos Estados Unidos, onde diversas autoridades contraíram o vírus.

Em contrapartida, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, teve apenas seis encontros com o chefe do Executivo, sendo somente um privado e o restante coletivo.

Nas últimas semanas, Bolsonaro e Mandetta deram opiniões diferentes sobre a forma de combater o novo coronavírus.

Enquanto o titular da Saúde defende o isolamento, como também orienta a Organização Mundial de Saúde (OMS), o presidente vem defendendo o fim do “confinamento em massa” e a reabertura do comércio.

Em entrevista nesta semana, Bolsonaro disse que ele e Mandetta estão se “bicando há algum tempo”.

“O Mandetta já sabe que a gente está se bicando há algum tempo, já sabe disso, eu não pretendo demiti-lo no meio da guerra, não pretendo. Agora, ele é uma pessoa que, em algum momento, ele extrapolou. Ele sabe que tem uma hierarquia entre nós, eu sempre respeitei todos os ministros”, afirmou o presidente.

A reportagem entrou em contato com o Palácio do Planalto e com o Ministério da Saúde, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

Demais ministros
O levantamento do Metrópoles mostra ainda que, segundo a agenda oficial de Bolsonaro, seguido da ala militar, o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi o integrante do primeiro escalão com mais encontros com o presidente. No total, foram 12 reuniões privadas ou coletivas.

Veja abaixo lista completa

  • Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo): 53
  • Jorge Oliveira (Secretaria-Geral): 31
  • Braga Netto (Casa Civil): 29
  • Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional): 19
  • Paulo Guedes (Economia): 12
  • Ernesto Araújo (Relações Exteriores): 11
  • Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública: 11
  • Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional): 10
  • André Luiz Mendonça (Advocacia-geral da União): 8
  • Fernando Azevedo e Silva (Defesa): 8
  • Onyx Lorenzoni (Casa Civil): 8
  • Tarcísio de Freitas (Infraestrutura): 7
  • Luiz Henrique Mandetta (Saúde): 6
  • Marcelo Álvaro Antônio (Turismo): 5
  • Wagner Rosário (Transparência): 5
  • Roberto Campos Netto (Banco Central): 4
  • Abraham Weintraub (Educação): 4
  • Ricardo Salles (Meio Ambiente): 3
  • Bento Albuquerque (Minas e Energia): 2
  • Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia): 1
  • Tereza Cristina (Agricultura): 1
Sair da versão mobile