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De Crateús (CE), conterrâneos do sogro de Bolsonaro vêm para a posse

Caravana percorreu quase 2 mil quilômetros em 40 horas. Integrantes dizem que chegada de Bolsonaro à Presidência é sonho que virou realidade

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Crateus 1
1 de 1 Crateus 1 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Mais de 40 horas para percorrer 1.917,6 quilômetros. Esta foi a duração de um “sonho” que se materializou com a viagem de uma animada caravana do município de Crateús, no Ceará, para Brasília, com o objetivo de acompanhar a posse do novo presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), nesta terça-feira (1º/1).

Além da animação, muito orgulho nas bagagens. Explica-se: Crateús é a cidade natal do sogro de Bolsonaro, Vicente de Paula Reinaldo – pai da primeira-dama, Michelle –, o que levou seus conterrâneos a virem prestigiar a festa do genro presidente.

O grupo é formado por cerca de 50 pessoas – homens, mulheres e crianças –  e foi organizado pelo Movimento Direita Ceará-Crateús (MODICC). Mas não reúne apenas naturais e moradores daquela cidade. Veio gente de outros lugares da microrregião cearense conhecida como Sertão do Crateús, que reúne 18 municípios.

Há representantes de Itaitinga, Nova Russas, Tauá, Guaraciaba do Norte, Catunda, São Benedito e até da capital Fortaleza. Saíram de Crateús às 15h do último sábado (29) e chegaram à capital federal nesta segunda-feira (31), às 3h.

As 40 horas do trajeto foram necessárias porque os ônibus que transportaram os bolsonaristas saíram de Fortaleza e recolhiam passageiros pelos municípios no caminho até a cidade do sogro do futuro presidente. Além das faixas, a caravana trouxe adesivos e bandeiras do Ceará, do Brasil e do “mito”. Durante a tarde dessa segunda, todos entoam o grito de guerra: “Uh, é Bolsonaro!!!”.

Aumentaram os “bolsonarianos”
A caravana começou a ser idealizada em agosto deste ano. Quem explica o processo de “gestação” da viagem é o cabo da Polícia Militar Rodrigues Júnior, 35 anos. “Tivemos a ideia e dissemos a algumas pessoas: ‘pessoal, se o Bolsonaro ganhar, nós faremos uma caravana e iremos a Brasília para a posse. Muita gente não acreditou nisso. Mas, na medida em que as coisas iam acontecendo e as pessoas nos procuravam, iam aumentando os bolsonarianos em Crateús e nosso sonho foi ficando mais próximo”, detalhou

Segundo o PM, que se diz “ex-petista doente”, houve uma grande apreensão por parte de todos quando o candidato Bolsonaro sofreu o atentado à faca. “Mas Deus estava do lado dele e do nosso lado e [o atentado] fez com que alavancasse o nome do Bolsonaro e ele viesse a ser eleito”, resume o cabo.

Após a confirmação nas urnas da eleição do capitão da reserva, o que era um sonho começou a tomar contornos de realidade. Foi a hora de arregaçar as mangas e partir para a prática, organizando a viagem até Brasília. O MODICC levantou custos junto às empresas de ônibus e arregimentou os interessados em levantar os recursos.

A empresa escolhida fez a passagem individual a R$ 38, ida e volta. “Um preço muito bom”, ressalta o cabo Rodrigues. O próximo passo foi saber como a caravana se hospedaria em Brasília. Essa parte coube a uma conterrânea que mora em Vicente Pires, no DF. Ela acomodou o grupo em sua chácara. “Vamos passar o réveillon lá, amanhã (terça) vamos para a posse e às 19h voltaremos para Crateús”, destacou Rodrigues Júnior.

Também ex-petista, o publicitário Dino do Pedal, 55 anos, de Guaraciaba do Norte, participa da sétima posse presidencial em Brasília. Ele esteve nas festas de Fernando Collor, na primeira de FHC, nas duas de Lula, nas duas de Dilma e estará amanhã na Esplanada.

Na passagem da faixa presidencial de Lula para Dilma, em 2010, Dino conseguiu entregar um “troféu” de “melhor presidente do Brasil” para Lula, no meio da multidão. “Acompanho as posses por patriotismo”, explica o publicitário. “Toda vez que toca o Hino Nacional, eu choro. É um compromisso meu com a democracia”, completa.

Igo estrela/metrópoles
Dino do Pedal acompanhou todas as posses em Brasília desde Fernando Collor de Mello

 

“Quero meu troféu de volta”
Mas, dessa vez, o orgulho pela posse de Bolsonaro se mistura à decepção com Lula, preso em Curitiba (PR) condenado pela Lava Jato. “Votei no Lula. Mas agora espero que o Bolsonaro faça um grande governo, para que o Brasil possa se unir, crescer e sair do buraco”, discursa Dino. “Na posse de Dilma, eu comprei um troféu por R$ 25 e o entreguei, chorando, para o Lula. Mas agora estou aqui para dar o troco: estarei com uma faixa pedindo o meu troféu de volta ao Lula”, garante.

A agente de saúde Vilanir Peixoto, de 54 anos, é uma das (muitas) mulheres da caravana. E responde como uma das organizadoras da viagem. Segundo ela, o projeto foi um “pouco difícil”, mas as pessoas se articularam e conseguiram colocá-lo em prática. “E deu certo. Lotamos os ônibus e todo mundo está com a maior animação do mundo para ver nosso futuro presidente tomar posse”, observa.

Vilanir se diz conterrânea da esposa de Bolsonaro, Michelle. Porém, a futura primeira-dama é natural de Ceilândia, no Distrito Federal. A agente de saúde também faz questão de rebater qualquer tipo “machismo” por parte do presidente eleito. “Isso aí não existe não. O pessoal fica falando, mas não existe. O salário vai igual para todos, viu? Ele vai governar para homens e para mulheres com toda a certeza”, acredita.

Turismo em Brasília
Nessa segunda (31), último dia de 2018, o grupo tirou a tarde para fazer turismo e comprar lembranças na Torre de TV, no centro de Brasília. Mesmo sob muita chuva, a animação, o orgulho, a esperança e a fé em tempos melhores não esfriaram.

Todos faziam questão de expressar otimismo com o próximo governo. “Tenho muita esperança e vamos vencer, se Deus quiser. A partir de janeiro, estaremos com muita esperança. Porque ele [Bolsonaro] prometeu e ele vai fazer”, diz a agente de saúde Vilanir.

Já o cabo Rodrigues se diz bastante parecido com o futuro presidente no modo de pensar. Segundo o PM, Bolsonaro não esconde a verdade, tem um nome limpo e é “ficha limpa”. “A corrupção é o grande problema do Brasil”, considera. “E eu vi que ele é um cara diferente. E comecei a despertar. Vesti a camisa vermelha do Lula, mas comecei a ver que aquilo que ele falava não era o que acontecia na prática. E foi por isso que Bolsonaro se elegeu: as pessoas procuram uma esperança. E a esperança para nós é Bolsonaro”, completa.

Um novo Messias
“Foi um sonho para mim [a eleição de Bolsonaro]”, diz o radialista Ercílio Moreira, 72 anos, da Rádio Poty de Crateús. “Acredito muito no militarismo. Na garra, fibra e vontade de acertar. Depois de mais de 2 mil anos, Deus olhou para nós, brasileiros, viu o nosso sofrimento e mandou, de novo, um Messias para nos salvar”, encerra.

Confira imagens do animado grupo de Crateús: 

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