CPI da Covid-19 recebe suposto lobista da Precisa Medicamentos

Marconny Faria se negou a receber a intimação para depor e, depois, apresentou um atestado; médico informou que cancelaria o documento

Marcelo Montanini
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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 recebe, nesta quinta-feira (2/9), Marconny Ribeiro de Faria, suposto lobista da Precisa Medicamentos. Ele tentou evitar o depoimento com um atestado médico, mas após contato da comissão com a direção do hospital Sírio-Libanês, a estratégia foi desfeita.

Antes de o atestado ser apresentado, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse, nessa quarta-feira (1°/9), que Faria estava se negando a receber a intimação e determinou que a advocacia-geral do Senado acionasse a Justiça para obrigá-lo a depor.

O lobista, então, apresentou à comissão um atestado médico de 20 dias para não comparecer ao depoimento. Ele alegou “dor pélvica”.

Contudo, o presidente da CPI contatou a direção do hospital, visto que outro depoente, o advogado Marcos Tolentino, amigo do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), e suposto sócio oculto do Fib Bank, também deu entrada no Sírio-Libanês para obter atestado. Este alegou “formigamento” no corpo.

Mais tarde, boletim médico do Sírio-Libanês confirnou que Tolentino apresenta um quadro de “hipopotassemia” e que não tem previsão de alta médica.

Mas o médico do Sírio Libanês que atendeu Faria informou à CPI que cancelaria o atestado que emitiu, dizendo que notou “simulação” por parte do paciente e encaminharia as explicações ao colegiado. A comissão decidiu, então, confirmar a convocação de Faria.

Operação Hospedeiro

Marconny Faria foi alvo de busca e apreensão da Operação Hospedeiro, quando o Ministério Público Federal (MPF) do Pará encontrou, nos arquivos de trocas de mensagens do celular dele, conversas com José Ricardo Santana, também lobista de Precisa, que estava no jantar em que teria havido o pedido de propina de US$ 1 por dose de vacina.

Entre as mensagens, há menções a Danilo Trento, diretor da Precisa Medicamentos e sócio da empresa Primarcial Holding e Participações, e sobre a necessidade de desidratar uma empresa concorrente, chamada Bahia Farma. A Primarcial funciona no mesmo endereço da Primares Holding e Participações, que é outra empresa de Francisco Maximiano, sócio da Precisa.

A Controladoria-Geral da União (CGU) apontou “evidências de tentativa de interferência” no processo de licitação para contratação de testes de Covid-19 com a ajuda de Roberto Ferreira Dias, então diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, para beneficiar a Precisa.

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CPI da Covid-19
Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, na CPI da Covid-19
CPI ouve empresário representante da Belcher
Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, na CPI da Covid-19
Sessão da CPI da Covid-19
Mercado interno de vacinas

“As mensagens reforçam as suspeitas sobre a atuação de Roberto Dias no Ministério da Saúde e deixam claro existir de fato um mercado interno no ministério que busca facilitar compras públicas e beneficiar empresas, assim como o poder de influência da empresa Precisa Medicamentos antes da negociação da vacina Covaxin”, diz o requerimento do vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Ademais, Faria teria conhecido Santana em um jantar na casa da advogada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Karina Kufa, que também entrou na mira da comissão. Ela já foi convocada.

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