metropoles.com

Bolsonaro sobre jornalista na ditadura militar: “Drama mentiroso”

Presidente atacou a colunista Miriam Leitão durante café da manhã com jornalistas internacionais nesta sexta (19/07/2019). Abraji reagiu

atualizado

Compartilhar notícia

Reprodução / Instagram
Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Reprodução / Instagram

Durante café da manhã com jornalistas da mídia internacional nesta sexta-feira (19/07/2019), o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou que a jornalista Miriam Leitão “mente” ao contar que sofreu abusos e foi torturada na prisão durante o regime militar. Segundo informações do jornal O Globo, do qual Miriam é colunista, o chefe do Executivo Federal falou que ela integrou a luta armada contra a ditadura militar instalada no país em 1964 e dirigia-se à guerrilha do Araguaia quando foi presa, na década de 1970.

“Ela estava indo para a guerrilha do Araguaia quando foi presa em Vitória. E depois [Miriam] conta um drama todo, mentiroso, que teria sido torturada , sofreu abuso. Mentira. Mentira”, afirmou Bolsonaro aos correspondentes de veículos de comunicação estrangeiros.

“Falsas acusações”
Em resposta, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) publicou uma nota de repúdio classificando as colocações do presidente como “falsas acusações” e ressaltando que não seria a primeira vez que o Bolsonaro usa “falsidades para desqualificar e agredir jornalistas cujos trabalhos o desagradam”.

Confira a nota na íntegra:
A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) repudia as acusações falsas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) contra a jornalista Miriam Leitão. Segundo reportagem do jornal O Globo, durante café da manhã com correspondentes estrangeiros, nesta sexta-feira (19.jul.2019), Bolsonaro chamou de “drama mentiroso” o relato de Miriam a respeito das torturas e abusos que sofreu quando foi presa em 1972 pela ditadura militar.

O presidente usou desinformação para acusar a jornalista de ter tentado “impor a ditadura no Brasil na luta armada”, afirmando que ela foi detida quando se dirigia à guerrilha do Araguaia (movimento armado de oposição à ditadura militar). Miriam nunca fez parte da guerrilha, e sua prisão aconteceu quando ela ia à praia com o então companheiro. Militante do PCdoB à época, Miriam participava de reuniões, distribuía panfletos e pichava palavras de ordem contra a ditadura em muros. Grávida, ela foi torturada e ficou presa por três meses.

Não é a primeira vez que Bolsonaro cita falsidades para desqualificar e agredir jornalistas cujos trabalhos o desagradam. As consequências para a liberdade de expressão e para a segurança de profissionais da imprensa são graves, como mostra o recente cancelamento da participação de Miriam e de seu marido Sergio Abranches na 13ª Feira do Livro de Jaraguá do Sul. Os organizadores disseram que não teriam como garantir a segurança de ambos após mobilização de protesto promovida por um simpatizante do presidente.

A Abraji manifesta solidariedade a Miriam Leitão e a todos os jornalistas que são alvo de ataques por fazer seus trabalhos.

Outras vezes
Essa não é a primeira vez que Bolsonaro se envolve em polêmicas quando o assunto é a ditadura militar. O presidente estimulou os quartéis a comemorarem a “data histórica” do aniversário do dia 31 de março de 1964, quando um golpe militar derrubou o governo João Goulart e iniciou um regime ditatorial que durou 21 anos. Além disso, ele aproveitou para declarar que tem como ídolo um dos símbolos do regime militar, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, morto em 2015, e que seu livro de cabeceira é “A Verdade Sufocada”, versão de Ustra para assassinatos de opositores no regime.

Já em entrevista ao programa Brasil Urgente, de José Luiz Datena, na TV Band, Bolsonaro negou que o período até tenha existido. Para ele, a história foi “distorcida pela esquerda brasileira”. O presidente comparou ainda a ditadura militar a brigas de casais que devem ser “esquecidas lá na frente”.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?