Vice de Bolsonaro: “País é cavalo maravilhoso guiado por perna frouxa”
Mourão se diz amante da arte equestre e critica mão pesada do Estado brasileiro
atualizado
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Um cavalo. O Brasil é um cavalo que precisa de um ginete com luvas de seda, cintura de borracha e pernas de ferro. A comparação do país com um animal foi feita na quinta-feira (20/9) em palestra em Catanduva, interior paulista, pelo general reformado Antônio Hamilton Martins Mourão, de 65 anos, candidato a vice na chapa do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) nas eleições 2018.
Mourão gosta de fazer essa associação em palestras da campanha eleitoral quando ataca o tamanho do Estado brasileiro, critica a crise política e econômica e exalta o potencial de desenvolvimento nacional.
“Gosto muito desse animal”, afirmou Mourão na semana passada, quando fez campanha também em Botucatu, Bauru e São José do Rio Preto e falou para plateias com até 800 militantes e simpatizantes do bolsonarismo.
Sempre protegido por policiais federais, que barram a aproximação de curiosos e jornalistas, ele viajou em um comboio montado por uma SUV na frente e outro carro atrás, todos com vidros escuros, além das escoltas de PMs locais em carros e motos.
Tido por interlocutores como gentil e educado, Mourão só teve um breve contato com a imprensa na manhã do primeiro dia da viagem, pouco antes do início do evento em Bauru, na Faculdade de Direito da cidade. Foi quando estourou a polêmica da CPMF, após declarações do economista Paulo Guedes sobre tributos. Abordado pelo Estado num corredor, quando saía de uma produtora de TV de aliados, falou rapidamente do caso e criticou a criação de imposto.
“Temos uma carga tributária boçal. Criar imposto é um tiro no pé”, disse, antes de ser levado por assessores para o carro principal da comitiva, no qual viajou no banco traseiro ao lado do candidato a deputado federal nas eleições 2018 Levy Fidelix (PRTB) e a filha dele, Livia, candidata à Assembleia de São Paulo. “Trouxe ele aqui porque aqui é de confiança”, afirmou o pastor Luiz Carlos Valle, candidato do PSL a deputado federal.
No interior paulista, que chamou de “fundão do País”, Mourão passou então a evitar contato com jornalistas e negou pedidos de entrevista. Mantido isolado por assessores, mostrava-se acessível somente a poucos apoiadores selecionados por bolsonaristas para fotos e vídeos. A preferência era sempre para militantes escolhidos pela campanha, que gravavam selfies para as redes sociais.
Ele gosta de avisar que a comparação do Brasil com um cavalo se deve a uma característica muito pessoal. “Sou um amante da arte equestre”, confessou em Catanduva. O alvo é o Estado pesado e caro, que ele vê como “um animal capaz de saltar 1m80, mas que está sendo montado por um ginete de 180 quilos, de mão pesada e pernas frouxas”. “Temos de desamarrar esse animal maravilhoso”, diz. “O governo tem de dar a ordem e as senhoras e senhores, o progresso”.
Resta saber se o jeito Mourão de ser vingará nas urnas para levar ao Planalto um ginete, também amante dos equinos, que, aliás, é conhecido pelo apelido de “Cavalo”.