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Suplente do PSL foi ao Paraguai com diretores de empresa alvo de CPI

Documentos revelam que Alexandre Giordano viajou três vezes ao país vizinho, apesar de ele afirmar que não teve ligação com a Léros

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Pictures Ltd./Corbis via Getty Images
Brazil / Paraguay – Industry – Itaipu Hydroelectric dam
1 de 1 Brazil / Paraguay – Industry – Itaipu Hydroelectric dam - Foto: Pictures Ltd./Corbis via Getty Images

O político e empresário Alexandre Giordano (PSL-SP), suplente do senador Major Olímpio (PSL-SP), esteve pelo menos três vezes no Paraguai ao lado de executivos da empresa Léros, interessada em comercializar energia de Itaipu, revelam registros de voo divulgados na terça-feira (13/08/2019).

Segundo informações obtidas pelo jornal ABC Color em colaboração com o jornal O Estado de S. Paulo, Giordano viajou duas vezes a Assunção em jatos particulares acompanhado de executivos da Léros, a primeira em 9 de abril juntamente com Adriano Tadeu Deguimerndjian Rosa, executivo da Léros e o advogado Cyro Dias Lage Neto, além de dois tripulantes. Eles voltaram a Foz do Iguaçu no mesmo dia.

A segunda viagem foi no dia 25 de junho, quando os governos de Brasil e Paraguai já haviam firmado a ata que repactuava a divisão da energia de Itaipu. Eles voltaram no dia seguinte ao país.

Até então, Giordano admitia ter participado de apenas uma reunião em Ciudad del Este (a terceira, à qual foi de carro), em que foi discutida a possibilidade de compra de energia paraguaia de Itaipu para revenda no mercado brasileiro. Participaram deste encontro representantes da Léros. Em 1º de agosto, o suplente de senador negou ao jornal O Estado de S. Paulo ser representante formal da Léros.

“Não tenho nenhuma relação com esse acordo. A Léros me chamou e eu fui lá escutar a proposta da Ande sobre venda de energia. Existe uma licitação aberta, que é pública. Eu não comprei nada. A própria Léros não assinou nada”, disse.

Desmentido
O jornal paraguaio publicou um documento que desmente Giordano. Trata-se de uma proposta formal feita pela Léros à Administração Nacional de Energia (Ande, a estatal energética do Paraguai) assinada pelo executivo Kleber Ferreira em São Paulo em 27 de julho. No documento, a Léros oferece US$ 31,50 KWh pela energia excedente de Itaipu. Segundo a proposta, a empresa pagaria 30% do valor em efetivo no ato da entrega da energia e o restante, também em efetivo, após 90 dias. A Léros oferece ainda dividir com a Ande o lucro obtido em caso de venda acima de US$ 35 Kwh.

A Léros está na mira de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada pelo Congresso Paraguaio, que deve começar a funcionar ainda nesta semana. Em entrevista à Telefuturo, o ex-presidente das Ande Pedro Ferreira disse que o nome da família Bolsonaro foi citado várias vezes durante reuniões com a Léros.

O advogado José “Joselo” Rodríguez, que se apresentava como assessor jurídico do vice-presidente do Paraguai, Hugo Velázquez, disse em mensagens a Ferreira que a Léros representava a “família presidencial” e o “governo brasileiro”. A reportagem apurou que a sede do diretório estadual do PSL de São Paulo, cujo presidente é o deputado Eduardo Bolsonaro, funcionou no mesmo prédio onde ficam as empresas de Giordano até o final de julho, às vésperas do escândalo envolvendo a ata secreta de Itaipu vir à tona. Procurado pela reportagem, Giordano disse que “não tinha nada a declarar” sobre o caso do avião. A Léros não respondeu aos telefonemas.

Além de obrigar o governo paraguaio a aumentar o volume de aquisição de energia garantida de Itaipu (US$ 44 KWh), mais cara do que a energia excedente (US$ 6 KWh), o que implicaria o aumento da tarifa no país vizinho, o acordo entre os governos de Jair Bolsonaro e Mário Abdo Benítez suprimiu da ata o item 6, que permitia à Ande vender diretamente no mercado brasileiro a energia mais barata.

O item 6 impedia que empresas como a Léros pudessem comercializar a energia excedente do Paraguai. A revelação do acordo, considerado “entreguista” pela oposição, levou o país vizinho a uma crise política que pôs em risco os mandatos de Abdo Benítez e Velázquez. Bolsonaro aceitou o cancelamento do acordo pelo Paraguai após Benítez ser alvo de um processo de impeachment.

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