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Saques de ex-auxiliar ocorriam após depósitos de valor similar

Padrão, que se repetia nas maiores retiradas de dinheiro, é característico de contas de passagem

atualizado

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JaireFabricio
1 de 1 JaireFabricio - Foto: Reprodução/Facebook

Os maiores saques feitos em 2016 pelo policial militar Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), foram precedidos, geralmente na véspera, de depósito de valores de mesmo patamar, segundo reportagem publicada nesta terça-feira (11/12) pela Folha de S.Paulo.

Ainda de acordo com a apuração, essa movimentação é característica de uma conta de passagem, na qual o real destinatário do valor creditado não é o seu titular. O uso de dinheiro em espécie nas duas pontas da operação reforça esse indício.

Queiroz foi citado num relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) como tendo apresentado uma movimentação financeira atípica de R$ 1,2 milhão em 2016. O alerta se deve tanto ao volume como à forma com que as transações foram feitas. O documento, contudo, não é o suficiente para apontar algum ato ilegal.

O Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou uma investigação criminal sigilosa com base no relatório, que cita membros do gabinete de 22 deputados estaduais – entre eles Flávio Bolsonaro.

Do total movimentado, R$ 324,8 mil se referem a saques e R$ 216,5 mil, a depósitos em espécie – os demais valores são transferências identificadas, entre outras operações.

Dos 176 saques realizados pelo policial militar naquele ano, 50 foram de valores acima de R$ 2.000. Apenas um, contudo, superou os R$ 10 mil, no qual a comunicação ao Coaf é automática.

Na maioria desses casos, o saque foi precedido de um depósito em espécie de valor em patamar semelhante. Nenhum, contudo, acima dos R$ 10 mil.

Nos dias 16 e 17 de fevereiro, por exemplo, Queiroz fez três saques de R$ 5.000 cada um, totalizando R$ 15 mil. O movimento foi acompanhado de cinco depósitos em espécie feitos em sua conta entre os dias 15 e 17 de fevereiro, que somam R$ 15,3 mil.

Movimento sincronizado também ocorreu em junho, quando nos dias 14 e 15 ele fez dois saques de R$ 5.000, tendo recebido no mesmo período, em depósito de dinheiro vivo, R$ 13,2 mil.

A ocorrência desses saques maiores mantém como padrão o fato de acontecerem poucos dias após depósito em espécie de patamar semelhante. Em 35 dos 50 casos de retiradas acima de R$ 2.000, depósito acima do mesmo valor ocorreu até um dia antes – algumas vezes, no mesmo dia. Ampliando o intervalo entre o depósito e o saque para três dias, a sincronia se repete em 40 dos 50 maiores saques de Queiroz.

A correlação entre depósitos em dinheiro vivo e saque imediato também fica evidenciada em dezembro, quando o total sacado aumenta muito, assim como a entrada de dinheiro vivo.

No último mês do ano, por 12 vezes, ele fez retiradas de dinheiro vivo acima de R$ 2.000, num total de R$ 58 mil. O volume de entrada também cresce e alcança R$ 41,6 mil distribuídos em oito depósitos em espécie.

Dinheiro
Procuradores, policiais federais e auditores fiscais afirmam que o uso de dinheiro vivo em transações bancárias costuma ter como objetivo ocultar o destinatário ou remetente dos recursos. A prática dificulta a identificação dos responsáveis pelas transações.

Uma das hipóteses já levantadas é de que o policial militar fosse o responsável por recolher uma parcela dos salários de assessores do gabinete de Flávio Bolsonaro – sete aparecem no relatório transferindo recursos a Queiroz.

Essa é uma prática comum no Legislativo, embora ilegal. Os recursos arrecadados podem tanto servir para campanhas políticas como para entregar ao titular do gabinete, entre outras possibilidades.

Não há até o momento, contudo, qualquer indício sobre o destino do dinheiro sacado por Queiroz. O ex-assessor não foi localizado para comentar as informações do relatório. Flávio Bolsonaro afirmou que o Queiroz lhe deu explicações plausíveis que deverão ser dadas ao Ministério Público Federal quando for convocado.

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