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Perplexo, Janot critica “convescotes” de Temer e Cármen Lúcia

Presidentes da República e do STF se encontraram fora da agenda, uma semana depois de o emedebista ser incluído em inquérito da Lava Jato

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
michel temer, cármen lúcia
1 de 1 michel temer, cármen lúcia - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O encontro entre Michel Temer (MDB) e a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, em pleno sábado (10/3), fora da agenda, na casa da ministra, foi duramente criticado pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. No Twitter, ele mostrou seu estranhamento neste domingo (11): “Causa perplexidade que assuntos republicanos de tamanha importância sejam tratados em convescotes matutinos ou vespertinos”.

A reunião ocorreu oito dias depois de Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, autorizar a inclusão do presidente da República no inquérito que investiga repasses da Odebrecht para campanhas do MDB, de 2014, em troca de favorecimento à empresa.

Ao sair da reunião, o presidente falou que entre os assuntos abordados estiveram a segurança pública e a intervenção no Rio de Janeiro. Ele negou que a inclusão de seu nome tenha sido tratada. Porém, fontes no Palácio do Planalto afirmaram que o encontro foi mais uma oportunidade para Temer reforçar sua defesa contra a inclusão de seu nome no inquérito.

O argumento de Temer é de que um presidente em exercício não pode ser investigado por acontecimentos anteriores ao mandato.

Na semana passada, Temer enviou uma carta à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, com artigos contrários à investigação de presidentes por fato estranho ao mandato. Entre eles, um parecer do professor Ives Gandra da Silva Martins, em que o jurista argumenta, interpretando o artigo 86 da Constituição, que “o Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções”.

Temer também tem se queixado de que o texto constitucional foi desrespeitado ao ter seu sigilo bancário quebrado pelo ministro do Supremo Luís Roberto Barroso. Ele disse em evento da Advocacia-geral da União (AGU) nessa sexta (9) que “a Constituição revela, em seu texto, as regras basilares do Estado de Direito”.

Encontro no bar
Mas a postagem de Janot não passou imune às críticas. Pessoas lembraram do encontro entre ele, quando ainda era PGR, com o advogado Pierpaolo Bottini, defensor de Joesley Batista, nos fundos de um bar no Lago Sul.

O encontro ocorreu em setembro, dias após Rodrigo Janot iniciar investigação para apurar se houve irregularidades nas delações acordadas com o dono da JBS e Ricardo Saud, diretor da empresa.

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