metropoles.com

Para Mendonça de Barros, Brasil terá crescimento com reformas

Para economista, PIB de 2018 é decepcionante, mas aprovar mudanças na Previdência ajudará a destravar investimentos

atualizado

Compartilhar notícia

EVELSON DE FREITAS/ESTADÃO CONTEÚDO
José Roberto Mendonça de Barros
1 de 1 José Roberto Mendonça de Barros - Foto: EVELSON DE FREITAS/ESTADÃO CONTEÚDO

A aprovação de reformas estruturais, como a da Previdência, e o avanço nas concessões de infraestrutura devem definir se o Brasil vai entrar em um ciclo de crescimento sustentável a partir de 2020 ou voltar para a recessão, avalia José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

Para o economista da MB Associados, o crescimento de 1,1% da economia em 2018 foi desanimador, sobretudo se comparado às experiências anteriores em que o país se recuperou de crises. Para 2019, ele espera crescimento de 2,2%. A seguir, trechos da entrevista.

Como avaliar o crescimento de 1,1% em 2018? O segundo ano após a crise não deveria ter sido de crescimento mais robusto?
É desanimador. No começo do ano passado, todo mundo esperava algo entre 2,5% e 3% de crescimento. O país saiu de uma recessão tão profunda e a experiência de crises anteriores era de saídas vigorosas, mas tivemos uma sucessão de decepções. Ainda no primeiro trimestre, a demanda estava mais fraca e demorou para recuperar. Além disso, a greve dos caminhoneiros, em maio, e o enfraquecimento político do governo Michel Temer, que acabou não permitindo colocar em votação a reforma da Previdência, postergaram um maior fôlego na recuperação.

Havia uma onda de otimismo em relação a 2018. A dimensão da crise foi subestimada?
Sim. Um terceiro fator, que só o tempo foi capaz de mostrar, é que o colapso dos Estados era maior do que se imaginava. Muitos deles passaram a não pagar salários e fornecedores corretamente, o que significa corte de demanda e menos dinheiro em circulação para consumo e pagamento de dívidas.

A indústria teve a primeira alta, de 0,6%, após quatro anos de queda. Mas ainda não é pouco?
Sim. A indústria foi atingida fortemente no segundo semestre, com o colapso da Argentina. O único choque positivo foi com o resultado das eleições, que criou expectativas de continuidade de uma política econômica que não aumentasse despesas. 2018 não foi um ano perdido, se completou de vez a saída da recessão, mas ainda não pegou tração, porque não tem investimento.

Mesmo com o avanço do consumo das famílias em 2018, a situação das famílias ainda é difícil?
O cenário ainda é muito difícil quando se olha para a vida real. O consumidor ainda está muito temeroso, mesmo quem conseguiu manter o emprego está cauteloso e há um exército de pessoas, que ficaram desempregadas, e aceitaram uma outra vaga em que ganhavam menos do que antes. A autoestima do consumidor fica pior, o desejo de comprar e fazer novas dívidas desaparece. Do lado das empresas, também tem um monte apenas em “modo sobrevivência”. Elas enxugaram quadros, diminuíram turnos, pararam de investir e começaram a atrasar impostos.

Passadas as incertezas das eleições, 2019 deve ser um ano melhor para a economia?
Acredito que sim. Imagino um crescimento de 2,2% para este ano, o que ainda é pouco para o terceiro ano de recuperação após uma crise, mas acima do resultado de 2018. Agora, se o governo conseguir aprovar a reforma da Previdência e fizer concessões de infraestrutura, o jogo vira. O Brasil pode entrar em um crescimento sustentável, na faixa dos 3%.
E caso a reforma da Previdência não seja aprovada?
O Brasil volta para a recessão, o esboço de recuperação vai embora e haverá um desânimo enorme. O dado de ontem mostra que o PIB per capita, que mede o padrão de vida, recuou ao patamar de oito anos atrás. Nunca tivemos nada parecido com isso. Com a reforma da Previdência, a parte fiscal começa a caminhar, a taxa de formação bruta de capital aumenta e a arrecadação real cresce mais rapidamente. Por enquanto, a expectativa é boa, mas que pode se frustrar.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?